Cheguei às 5:40 no Rio, depois de um voo com comissários antipáticos, mas sem sobressaltos. Passei no Duty Free tentando manter o foco e escapei de ser parada na alfândega. Graças a Deus, porque abrir aquelas malas depois da bagunça feita pra embarcar em Florença seria um enorme perrengue.
Fui direto pra casa dos meus pais, onde fui recebida novamente com café da manhã digno de resort. Na Itália come-se muito bem, mas nada se compara ao Bibisa & Caita´s Bistrô.
Minha irmã, sobrinha e cunhado vieram se juntar a nós pro almoço e a recepção foi completa. Definitivamente, viajar é bom, mas não há nada como a casa da gente!
domingo, 17 de julho de 2011
Florença: vígésimo dia - 26/7
No dia anterior, havia ficado até tarde fazendo mágicas com as malas e conversando com a Nandi e o Nelson. Por isso, acabei não conseguindo acordar muito cedo e os planos de irmos a um parque perto dali foi trocado por uma última passada no Centro, onde conheci a Biblioteca da Comune de Firenze.
Ela já havia abrigado um convento e era muito simpática. Enquanto a Nandi devolvia um livro, comprei uma Coca-Cola e fiquei contemplando o Duomo, bem próximo dali. No meio dos devaneios, surpreendi-me com a ideia de voltar pra casa. Desta vez, diferentemente do ano passado, a sensação era de que faltou tempo. A saudade antecipada daquela cidade maravilhosa bateu muito fundo.
Tentei quebrar a melancolia observando os vários jovens espalhados pelo jardim central, lendo seus livros e curtindo o clima, mesmo que ainda quente, um pouco mais ameno do que o dos últimos dias.
Passamos na loja de vinhos Zenobini, onde comprei dois Chianti que, a pedido de meus pais, deveriam ser presente pros meus dedicados anfitriões e seguimos pra Piazza San Marco pra retornar. No ponto de ônibus, resolvi experimentar a tão popular granita, uma espécie de refresco estupidamente gelado, típico de Florença. Escolhi um de Narancia e concordei com a Nandi sobre o excesso de açúcar na bebida.
Voltei a tempo de tomar banho, ajeitar os últimos detalhes das malas e saborear o delicioso almoço de despedida, preparado pelo Nelson que muito gentilmente abriu um dos vinhos presenteados pelos meus pais.
Pegamos um táxi, cujo motorista perguntou se eu estava carregando o corpo "dell´amante" na mala, tão grande era o peso.
Já sabia que deveria pagar algum excesso de bagagem, mas, ao fazer o checkin na Alitalia, recebi a triste surpresa de que nem pagando poderia levar excesso. Cada mala deveria ter, no máximo 32 kg. O peso de uma havia dado 35kg e o da segunda 31kg.
Diante da notícia, juntei-me a dois turistas franceses na ingrata tarefa de fazer o milagre da evaporação da bagagem. Teria de passar 1kg de uma mala lotada para outra tão lotada quanto e fazer desaparecerem 2kg da mais cheia. A solução foi entupir minha bolsa tiracolo de chocolates, deixar um dos meus guias com a Nandi e lotar a mala de mão, que só poderia ter 8kg. Uma das malas excedeu 700g, mas a essa altura, a atendente queria mais é se ver livre de mim e de minha bagunça espalhada pelo balcão.
Isso tudo durou horrores e só sobrou tempo pra me despedir rapidamente da Nandi e do Nelson e embarcar. Um nó na garganta e falta de palavras pra expressar minha gratidão por tanto carinho e acolhimento. Só me resta desejar fortemente conseguir um dia retribuir à altura.
O voo pra Roma foi super tranquilo e o único problema foi resistir à tentação do duty free do aeroporto Fiumucino. Nada menos do que um enorme shopping center de delícias fazendo o canto da sereia.
Diante do voo traumático de ida, fiquei com medo do da volta, mas tive a sorte de ficar no corredor, junto de um casal absolutamente discreto.
Providencialmente, o filme Pão e Tulipas estava no menu de clássicos e as imagens de Veneza embalaram meus pensamentos já muito saudosos por aquela terra tão linda. O sono veio tranquilo, junto com as contas que ia fazendo, calculando quando conseguirei dar um jeito de voltar.
Ela já havia abrigado um convento e era muito simpática. Enquanto a Nandi devolvia um livro, comprei uma Coca-Cola e fiquei contemplando o Duomo, bem próximo dali. No meio dos devaneios, surpreendi-me com a ideia de voltar pra casa. Desta vez, diferentemente do ano passado, a sensação era de que faltou tempo. A saudade antecipada daquela cidade maravilhosa bateu muito fundo.
Tentei quebrar a melancolia observando os vários jovens espalhados pelo jardim central, lendo seus livros e curtindo o clima, mesmo que ainda quente, um pouco mais ameno do que o dos últimos dias.
Passamos na loja de vinhos Zenobini, onde comprei dois Chianti que, a pedido de meus pais, deveriam ser presente pros meus dedicados anfitriões e seguimos pra Piazza San Marco pra retornar. No ponto de ônibus, resolvi experimentar a tão popular granita, uma espécie de refresco estupidamente gelado, típico de Florença. Escolhi um de Narancia e concordei com a Nandi sobre o excesso de açúcar na bebida.
Voltei a tempo de tomar banho, ajeitar os últimos detalhes das malas e saborear o delicioso almoço de despedida, preparado pelo Nelson que muito gentilmente abriu um dos vinhos presenteados pelos meus pais.
Pegamos um táxi, cujo motorista perguntou se eu estava carregando o corpo "dell´amante" na mala, tão grande era o peso.
Já sabia que deveria pagar algum excesso de bagagem, mas, ao fazer o checkin na Alitalia, recebi a triste surpresa de que nem pagando poderia levar excesso. Cada mala deveria ter, no máximo 32 kg. O peso de uma havia dado 35kg e o da segunda 31kg.
Diante da notícia, juntei-me a dois turistas franceses na ingrata tarefa de fazer o milagre da evaporação da bagagem. Teria de passar 1kg de uma mala lotada para outra tão lotada quanto e fazer desaparecerem 2kg da mais cheia. A solução foi entupir minha bolsa tiracolo de chocolates, deixar um dos meus guias com a Nandi e lotar a mala de mão, que só poderia ter 8kg. Uma das malas excedeu 700g, mas a essa altura, a atendente queria mais é se ver livre de mim e de minha bagunça espalhada pelo balcão.
Isso tudo durou horrores e só sobrou tempo pra me despedir rapidamente da Nandi e do Nelson e embarcar. Um nó na garganta e falta de palavras pra expressar minha gratidão por tanto carinho e acolhimento. Só me resta desejar fortemente conseguir um dia retribuir à altura.
O voo pra Roma foi super tranquilo e o único problema foi resistir à tentação do duty free do aeroporto Fiumucino. Nada menos do que um enorme shopping center de delícias fazendo o canto da sereia.
Diante do voo traumático de ida, fiquei com medo do da volta, mas tive a sorte de ficar no corredor, junto de um casal absolutamente discreto.
Providencialmente, o filme Pão e Tulipas estava no menu de clássicos e as imagens de Veneza embalaram meus pensamentos já muito saudosos por aquela terra tão linda. O sono veio tranquilo, junto com as contas que ia fazendo, calculando quando conseguirei dar um jeito de voltar.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Pisa: décimo nono dia - 24/6
Como era feriado em Florença, acabei só conseguindo pegar o trem das 11h pra Pisa, pois nem todas as linhas corriam nos dias "festivos". Cheguei em menos de 50 minutos numa cidade cheia de obras. Impressionante a quantidade de andaimes e tapumes espalhados por tudo o que era canto.
Andei pela rua principal, rodeada por grandes lojas e grifes, até resolver entrar numa ruazinha menor, que me levou a uma feira de hortifruti. Bem em frente a uma das bancas, havia uma osteria com o menu exposto. E o que foi que eu vi como primeiro item? Fiori di zucchini!!!! Empolguei-me com o fato de poder provar uma outra versão daquele prato tão delicioso. Entrei na osteria e falei direto com o garçon que era aquilo que eu queria comer. Ele pediu que eu voltasse em 10 minutos e assim fiz. Realmente, estava muito gostoso, acompanhado também de algumas fatias de tomate fritas e uma taça de vinho branco. No entanto, constatei o óbvio! A versão servida pela Nandi e o Nelson não perdia em nada pra aquela da osteria. Pra ser bem sincera, ganhava! Eles colocaram um molho no fundo da flor que era completamente desnecessário.
Vi a Piazza dei Cavalieri e depois segui direto pro filé de Pisa: Duomo, Bastisttero, Campo Santo e... Torre! Realmente, assim que ela aparece é bem impressionante. Depois, a gente que vive no mundo dos efeitos especiais, até se acostuma com aquele monumento pendurado. Mas à primeira vista, o susto é grande!
Passei umas duas horas vendo os monumentos por dentro, mas não subi na Torre. As visitas são feitas em grupos fechados por número e a próxima era só às 16:30, o que me faria perder o trem das 17:00 pra Florença.
Tudo realmente era lindo, mas uma das coisas que mais me divertiu foi a horda de turistas subindo nos pitocos em volta do gramado pra fazer a pose de quem empurra ou segura a torre na foto. Era um atrás do outro. De tempos em tempos aparecia um guarda italiano que apitava enfurecido, tirando o povo do gramado e de cima dos pitocos. Cinco minutos depois, tudo voltava à mesma desordem. É aquela coisa do "eu finjo que brigo e você finge que obedece". Muito engraçado!
No caminho pro trem, encontrei um CD que procurei no ano passado, com as melhores obras do Enio Morricone. Eram 3 CDs juntos, que reuniam todas aquelas trilhas maravilhosas de Western, mais aquela dos Intocáveis, quando o Ten. Mallone morre e também a do Cinema Paradiso.
A viagem de volta foi num trem absolutamente infernal de quente, pois aquele ar condicionado simplesmente não dá conta do calor e as janelas não funcionam direito; assim como o desodorante dos europeus. Jesus de Misericórdia, que futum!
Cheguei a tempo de comer um cachorro quente autenticamente brasileiro que estava sendo servido pra um amigo do Andrea, que foi visitá-lo.
Hora de fazer malas... snif! Pelo menos, será ao som de Enio Morricone.
Andei pela rua principal, rodeada por grandes lojas e grifes, até resolver entrar numa ruazinha menor, que me levou a uma feira de hortifruti. Bem em frente a uma das bancas, havia uma osteria com o menu exposto. E o que foi que eu vi como primeiro item? Fiori di zucchini!!!! Empolguei-me com o fato de poder provar uma outra versão daquele prato tão delicioso. Entrei na osteria e falei direto com o garçon que era aquilo que eu queria comer. Ele pediu que eu voltasse em 10 minutos e assim fiz. Realmente, estava muito gostoso, acompanhado também de algumas fatias de tomate fritas e uma taça de vinho branco. No entanto, constatei o óbvio! A versão servida pela Nandi e o Nelson não perdia em nada pra aquela da osteria. Pra ser bem sincera, ganhava! Eles colocaram um molho no fundo da flor que era completamente desnecessário.
Vi a Piazza dei Cavalieri e depois segui direto pro filé de Pisa: Duomo, Bastisttero, Campo Santo e... Torre! Realmente, assim que ela aparece é bem impressionante. Depois, a gente que vive no mundo dos efeitos especiais, até se acostuma com aquele monumento pendurado. Mas à primeira vista, o susto é grande!
Passei umas duas horas vendo os monumentos por dentro, mas não subi na Torre. As visitas são feitas em grupos fechados por número e a próxima era só às 16:30, o que me faria perder o trem das 17:00 pra Florença.
Tudo realmente era lindo, mas uma das coisas que mais me divertiu foi a horda de turistas subindo nos pitocos em volta do gramado pra fazer a pose de quem empurra ou segura a torre na foto. Era um atrás do outro. De tempos em tempos aparecia um guarda italiano que apitava enfurecido, tirando o povo do gramado e de cima dos pitocos. Cinco minutos depois, tudo voltava à mesma desordem. É aquela coisa do "eu finjo que brigo e você finge que obedece". Muito engraçado!
No caminho pro trem, encontrei um CD que procurei no ano passado, com as melhores obras do Enio Morricone. Eram 3 CDs juntos, que reuniam todas aquelas trilhas maravilhosas de Western, mais aquela dos Intocáveis, quando o Ten. Mallone morre e também a do Cinema Paradiso.
A viagem de volta foi num trem absolutamente infernal de quente, pois aquele ar condicionado simplesmente não dá conta do calor e as janelas não funcionam direito; assim como o desodorante dos europeus. Jesus de Misericórdia, que futum!
Cheguei a tempo de comer um cachorro quente autenticamente brasileiro que estava sendo servido pra um amigo do Andrea, que foi visitá-lo.
Hora de fazer malas... snif! Pelo menos, será ao som de Enio Morricone.
Florença: décimo oitavo dia - 23/6
Acordei ainda bem cansada, pois a delicia da fiori di zucchini rendeu ainda muitos papos pela madrugada adentro. Tomei café com a Nandi e o Andrea e segui pra Estação Santa Maria Novella a fim de comprar as passagens pro dia seguinte. Contra todas as minhas expectativas, decidi ir a Pisa, pois seria um destino mais rápido e barato pra esse finzinho de viagem. No início, não tive a menor intenção de conhecer esta cidade, de tanto ouvir que "Pisa só tem a torre". Mas a Nandi me convenceu de que seria um passeio bacana e o com custo/benefício mais favorável do que uma ida a Pádua (muito longe e de passagem cara) ou Montalcino (longe e cansativo pra um penúltimo dia).
Depois de compradas as passagens (já praticamente tenho carteirinha da SMN, de tanto que fui lá nesses dias), segui pra almoçar no Mercado e comprar algumas coisinhas que queria levar pra minha família provar, como o panforte e o vinho santo onde se molha o biscoito cantuccinni (este, já comprado há séculos no supermercado). Acabei almoçando uma massa que a Cristina e a Adriana haviam pedido no dia em que estivemos juntas por lá; um tagliatelle com molho de aspargos bem saboroso.
Dali, segui pra ver o Chiostro dello Scalzo, super bem indicado pela Nandi pois havia sido totalmente afrescado monocromaticamente pelo Andrea del Sarto. O tema das obras é a história de São João Baptista. Ela adora esse artista e eu, como boa pupila, estou passando a virar fã de carteirinha também. Mas é só dar uma olhada nas fotos pra se ver que, apesar de não ser um nome tão conhecido pelos leigos (pelo menos, não me lembro de ele ter sido citado pelos meus professores de História da Arte na faculdade), o cara era um mestre.
É muito bacana ver a "história em quadrinhos" que eles montavam antigamente, porque a maior parte da população não sabia ler. Então, a Arte desses afrescos, além do propósito do encantamento, também tinha razões didáticas. Fiquei pensando que este assunto seria deliciosa matéria prima pra um capítulo da minha dissertação, que tratava justamente da união do que encanta com o que ensina. Hum... acho até que pode vir a render um artigo bacana.
Depois, cruzei todo o centro da cidade pra ir ao Museu da História da Ciência, também chamado Museu Galileu Galilei. Foi ótimo porque pude ir me despedindo de vários pontos queridos da cidade nesse caminho.
O museu foi interessante, mas confesso envergonhada que fiquei meio entediada graças aos meus interesses bem escassos nos experimentos desses cientistas. Sei da importância que isso tudo tem na evolução da humanidade, mas simplesmente não captura a minha atenção. Fico muito mais interessada na estética dos instrumentos, vidrinhos, mapas e estruturas que são apresentadas. Só que chega uma hora em que começaram a ficar repetitivas, daí eu me entediei.
Uma obra que me chamou muitíssimo atenção foi o mapamundi feito no século XV por... Fra' Mauro! O mapa é muito curioso, com a interpretação dos caras do que seria a organização geográfica do planeta. Vale a pena conferir os detalhes da imagem com um zoom. Ah, e nada de criticar meu possível ancestral, hein? Estamos falando do início da expansão marítima!
Depois, acabei voltando pra casa da Nandi, pois estava um calor escaldante e eu precisava dar uma descansada. Iríamos a um concerto mais tarde, no Teatro Comunale di Firenzi, pois um par de ingressos foram gentilmente presenteados à Nandi por um amigo seu. No caminho de retorno, comprei uma focaccia pra lancharmos mais tarde, pois ainda não tinha comido nenhuma delas, que amo, nesse período intensivo de engorda à italiana.
A Nandi não sabia exatamente o que veríamos e, chegando lá, descobrimos que se tratava de uma ópera de Donizetti, sobre a história das rainhas Ana Bolena, Maria Stuart e Elizabeth. Era uma versão sem o cenário ou idumentária, apenas com a orquestra e com os cantores performando e eu adorei! Falei com a Nandi que, com esse intensivão de engorda + erudição, ela serà responsàvel pela manutençào do meu estado civil. Afinal, vai ficar dificil achar um namorado que me ature depois da Itàlia. Rs.
Segundo a Nandi, o teatro era horroroso (minha ignorância arquitetônica permite também alguns prazeres, pois eu tinha achado muito simpático), mas a acústica era maravilhosa. Ambas achamos que a soprano era espetacular (lembrando que meu conhecimento de música vem do que ensinou a Noviça Rebelde) e praticamente não havia lugares vazios na platéia. Tinha até bastante gente jovem, obviamente composta na maior parte de mulheres, mas também de alguns homens... gays, mas isso é só um detalhe.
Na volta, a cidade estava cheia em volta do Arno, com muita gente jovem bebendo e tomando gelato. Tirei várias fotos, inclusive de lojas de Arte que ficam acesas à noite. Ô cidadezinha espetacular essa tal de Florença!
Depois de compradas as passagens (já praticamente tenho carteirinha da SMN, de tanto que fui lá nesses dias), segui pra almoçar no Mercado e comprar algumas coisinhas que queria levar pra minha família provar, como o panforte e o vinho santo onde se molha o biscoito cantuccinni (este, já comprado há séculos no supermercado). Acabei almoçando uma massa que a Cristina e a Adriana haviam pedido no dia em que estivemos juntas por lá; um tagliatelle com molho de aspargos bem saboroso.
Dali, segui pra ver o Chiostro dello Scalzo, super bem indicado pela Nandi pois havia sido totalmente afrescado monocromaticamente pelo Andrea del Sarto. O tema das obras é a história de São João Baptista. Ela adora esse artista e eu, como boa pupila, estou passando a virar fã de carteirinha também. Mas é só dar uma olhada nas fotos pra se ver que, apesar de não ser um nome tão conhecido pelos leigos (pelo menos, não me lembro de ele ter sido citado pelos meus professores de História da Arte na faculdade), o cara era um mestre.
É muito bacana ver a "história em quadrinhos" que eles montavam antigamente, porque a maior parte da população não sabia ler. Então, a Arte desses afrescos, além do propósito do encantamento, também tinha razões didáticas. Fiquei pensando que este assunto seria deliciosa matéria prima pra um capítulo da minha dissertação, que tratava justamente da união do que encanta com o que ensina. Hum... acho até que pode vir a render um artigo bacana.
Depois, cruzei todo o centro da cidade pra ir ao Museu da História da Ciência, também chamado Museu Galileu Galilei. Foi ótimo porque pude ir me despedindo de vários pontos queridos da cidade nesse caminho.
O museu foi interessante, mas confesso envergonhada que fiquei meio entediada graças aos meus interesses bem escassos nos experimentos desses cientistas. Sei da importância que isso tudo tem na evolução da humanidade, mas simplesmente não captura a minha atenção. Fico muito mais interessada na estética dos instrumentos, vidrinhos, mapas e estruturas que são apresentadas. Só que chega uma hora em que começaram a ficar repetitivas, daí eu me entediei.
Uma obra que me chamou muitíssimo atenção foi o mapamundi feito no século XV por... Fra' Mauro! O mapa é muito curioso, com a interpretação dos caras do que seria a organização geográfica do planeta. Vale a pena conferir os detalhes da imagem com um zoom. Ah, e nada de criticar meu possível ancestral, hein? Estamos falando do início da expansão marítima!
Depois, acabei voltando pra casa da Nandi, pois estava um calor escaldante e eu precisava dar uma descansada. Iríamos a um concerto mais tarde, no Teatro Comunale di Firenzi, pois um par de ingressos foram gentilmente presenteados à Nandi por um amigo seu. No caminho de retorno, comprei uma focaccia pra lancharmos mais tarde, pois ainda não tinha comido nenhuma delas, que amo, nesse período intensivo de engorda à italiana.
A Nandi não sabia exatamente o que veríamos e, chegando lá, descobrimos que se tratava de uma ópera de Donizetti, sobre a história das rainhas Ana Bolena, Maria Stuart e Elizabeth. Era uma versão sem o cenário ou idumentária, apenas com a orquestra e com os cantores performando e eu adorei! Falei com a Nandi que, com esse intensivão de engorda + erudição, ela serà responsàvel pela manutençào do meu estado civil. Afinal, vai ficar dificil achar um namorado que me ature depois da Itàlia. Rs.
Segundo a Nandi, o teatro era horroroso (minha ignorância arquitetônica permite também alguns prazeres, pois eu tinha achado muito simpático), mas a acústica era maravilhosa. Ambas achamos que a soprano era espetacular (lembrando que meu conhecimento de música vem do que ensinou a Noviça Rebelde) e praticamente não havia lugares vazios na platéia. Tinha até bastante gente jovem, obviamente composta na maior parte de mulheres, mas também de alguns homens... gays, mas isso é só um detalhe.
Na volta, a cidade estava cheia em volta do Arno, com muita gente jovem bebendo e tomando gelato. Tirei várias fotos, inclusive de lojas de Arte que ficam acesas à noite. Ô cidadezinha espetacular essa tal de Florença!
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Florença: décimo sétimo dia - 22/6 - Fiori di Zucchini
No início deste ano, meu pai me deu um livro sobre as experiências gastronômicas e culturais de uma americana que morou na Toscana. Numa das primeiras passagens, assim que ela se instala na casa aonde irá morar, os vizinhos toscanos resolvem fazer um almoço pra ela e seu marido. O resultado da leitura desse episódio foi uma fome colossal às 10h da manhã, pois eu ia lendo o livro no ônibus, a caminho do trabalho.
A parte que mais me interessou foi a recepção dos comensais, à base de flores de abobrinha fritas. Passei meses aguando esse prato. Um dia, indo com a Nandi pro ponto de ônibus, vi umas flores estranhas e perguntei o que eram. Quando ela me contou serem as fiori di zucchini, pulei de alegria. Segundo ela, essas fiori di zucchini fritas eram muito comuns em frigiterias espalhadas pela cidade e que o Nelson já havia cansado de levar pra ela saquinhos, como batatas fritas, na volta do trabalho. Pois bem, gastei umas duas horas de um dia catando o diacho das fiori di zucchini fritas e nada! Só achava as flores cruas, ainda pra fritar.
Já estava desistindo de provar essa iguaria, quando meus anfitriões, dedicados à tarefa de me encantar cada vez mais pela Toscana (e por eles!), resolveram preparar em casa as fiori di zucchini. Foi uma trabalheira enorme que eu acompanhei de perto! As flores frescas, tiveram de ser compradas no mesmo dia de seu preparo, porque murcham muito rapidamente. A Nandi havia buscado uma receita na internet para a pastella em que as fiori deveriam ser embebidas. Ela e Nelson debateram ferozmente sobre se deveria ou não colocar ovo na pastella, pois a receita não falava nada sobre esse ingrediente. Nandi achava que não, Nelson que sim. Ganhou a Nandi e não teve ovo na pastella!
Foi um trabalho de equipe brilhante: Nelson comprou as flores, Nandi fez a pastella, Andrea ajudou a batê-la e eu... comi!
Abaixo, segue o making off dessa delícia crocante por fora e cremosa por dentro.
Obs.: Caso alguém já tenha comido e estranhe a forma, vale dizer que ela também pode ser feita com as pétalas separadas, lembrando o visual da batata frita no fim.
A parte que mais me interessou foi a recepção dos comensais, à base de flores de abobrinha fritas. Passei meses aguando esse prato. Um dia, indo com a Nandi pro ponto de ônibus, vi umas flores estranhas e perguntei o que eram. Quando ela me contou serem as fiori di zucchini, pulei de alegria. Segundo ela, essas fiori di zucchini fritas eram muito comuns em frigiterias espalhadas pela cidade e que o Nelson já havia cansado de levar pra ela saquinhos, como batatas fritas, na volta do trabalho. Pois bem, gastei umas duas horas de um dia catando o diacho das fiori di zucchini fritas e nada! Só achava as flores cruas, ainda pra fritar.
Já estava desistindo de provar essa iguaria, quando meus anfitriões, dedicados à tarefa de me encantar cada vez mais pela Toscana (e por eles!), resolveram preparar em casa as fiori di zucchini. Foi uma trabalheira enorme que eu acompanhei de perto! As flores frescas, tiveram de ser compradas no mesmo dia de seu preparo, porque murcham muito rapidamente. A Nandi havia buscado uma receita na internet para a pastella em que as fiori deveriam ser embebidas. Ela e Nelson debateram ferozmente sobre se deveria ou não colocar ovo na pastella, pois a receita não falava nada sobre esse ingrediente. Nandi achava que não, Nelson que sim. Ganhou a Nandi e não teve ovo na pastella!
Foi um trabalho de equipe brilhante: Nelson comprou as flores, Nandi fez a pastella, Andrea ajudou a batê-la e eu... comi!
Abaixo, segue o making off dessa delícia crocante por fora e cremosa por dentro.
Obs.: Caso alguém já tenha comido e estranhe a forma, vale dizer que ela também pode ser feita com as pétalas separadas, lembrando o visual da batata frita no fim.
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Florença: décimo sétimo dia - 22/6
Hoje foi um dia muito, mas muito quente!
Mas, apesar do calor escaldante, vi afrescos de Giotto em Santa Croce e muita coisa morbida... Mumia misteriosa na Igreja de San Marco, mumias egipcias no Museu Arqueologico e sepulturas de Dante, Michelangelo e Galileu na Sante Croce. Adooooooooro!
Particularidades sobre a múmia da Basílica de San Marco:
A Nandi me contou que esse padre, Santo Antonino, morreu por volta do século XIII. Na época do Renascimento, desenterraram seu corpo pra mudar sua sepultura de lugar e o encontraram praticamente intacto. Começaram a venerar a múmia e, como nào podia deixar de ser, atribuir ao homem uma série de milagres. Virou santo!
A múmia se mantèm ainda bem conservada e está exposta numa das capelas da Basílica de São Marco. Nela, está um dos afrescos restaurados pela Nandi, que mostra justamente a época em que o corpo foi encontrado e começou a ser venerado. Ela conta que teve de trabalhar meses, sozinha na capela, ali ao ladinho da múmia. Eu teria tido um troço no primeiro dia.
Essa estátua escura, com um homem de aspecto soturno é um frade que se opunha contra os Médici e acabou na fogueira, coitado. Também fica na Basílica de San Marco.
Mas, apesar do calor escaldante, vi afrescos de Giotto em Santa Croce e muita coisa morbida... Mumia misteriosa na Igreja de San Marco, mumias egipcias no Museu Arqueologico e sepulturas de Dante, Michelangelo e Galileu na Sante Croce. Adooooooooro!
Particularidades sobre a múmia da Basílica de San Marco:
A Nandi me contou que esse padre, Santo Antonino, morreu por volta do século XIII. Na época do Renascimento, desenterraram seu corpo pra mudar sua sepultura de lugar e o encontraram praticamente intacto. Começaram a venerar a múmia e, como nào podia deixar de ser, atribuir ao homem uma série de milagres. Virou santo!
A múmia se mantèm ainda bem conservada e está exposta numa das capelas da Basílica de São Marco. Nela, está um dos afrescos restaurados pela Nandi, que mostra justamente a época em que o corpo foi encontrado e começou a ser venerado. Ela conta que teve de trabalhar meses, sozinha na capela, ali ao ladinho da múmia. Eu teria tido um troço no primeiro dia.
Essa estátua escura, com um homem de aspecto soturno é um frade que se opunha contra os Médici e acabou na fogueira, coitado. Também fica na Basílica de San Marco.
Florença: décimo sexto dia - 21/6
Hoje, o dia foi "light" (a exceçào do calor infernal), com visita ao afresco da Santa Ceia de Andrea del Sarto, exposto num cenacolo bem próximo à casa da Nandi e do Nelson. Fui com a Nandi e ganhei aula de artes ao vivo, com explicações maravilhosas sobre o Maneirismo.
Depois, segui sozinha pro Centro, onde conheci uma casa autêntica do Trecento, disponível à visitação no Palazzo Davanzati. Muito lindo e curioso, com direito até a banheiros da época. Pena que não podia fotografar pra mostrar o vaso que esses caras usavam. Eles deviam sofrer, tadinhos...
Depois, fui pro famoso Museu Bargello, que ainda não tinha conhecido. Além das maravilhosas obras residentes, como o David de Donatello, estava passando uma exposição do Amanatti, que descobri ser o autor de diversas esculturas famosas que eu havia visto. Inclusive o Netuno da Piazza della Signoria e os originais das cópias que aparecem na fonte da Vila Medicea a Castello, um de meus ultimos passeios.
Dali, encontrei com a Nandi em frente ao Porcellino, um javali de bronze em que todos os turistas esfregam a mão pra poder retornar a Florença, que fica do lado da Piazza della Republica. Fomos juntas à Igreja de Orsamichelle (linda!), onde tirei algumas fotos roubadas da fiscal chata que ficava de olho em mim.
Ainda passamos pela loja do restaurador, onde pude conferir a vitrine curiosissima, com potes e vidros recheados de óleos, pigmentos, raizes e materiais dos mais diversos. O dono ainda veio conversar um pouco conosco e comentou das dificuldades sobre se manter uma loja daquelas funcionando. Quando perguntei se poderia tirar algumas fotos, ele consentiu sorrindo e dizendo que muitos turistas entravam, não davam nem bom dia, fotografavam sem nem saber direito do que se tratava e iam embora da mesma maneira com que haviam entrado. Incrível a má educação das pessoas!
Depois de uma sessãozinha longa de compras (tenho de manter a deseducação da Nandi em forma), fomos embora. No fim do dia, todos nós fomos comer uma pizza num restaurante bem simpático, às margens do Arno.
Bacione!
Depois, segui sozinha pro Centro, onde conheci uma casa autêntica do Trecento, disponível à visitação no Palazzo Davanzati. Muito lindo e curioso, com direito até a banheiros da época. Pena que não podia fotografar pra mostrar o vaso que esses caras usavam. Eles deviam sofrer, tadinhos...
Depois, fui pro famoso Museu Bargello, que ainda não tinha conhecido. Além das maravilhosas obras residentes, como o David de Donatello, estava passando uma exposição do Amanatti, que descobri ser o autor de diversas esculturas famosas que eu havia visto. Inclusive o Netuno da Piazza della Signoria e os originais das cópias que aparecem na fonte da Vila Medicea a Castello, um de meus ultimos passeios.
Dali, encontrei com a Nandi em frente ao Porcellino, um javali de bronze em que todos os turistas esfregam a mão pra poder retornar a Florença, que fica do lado da Piazza della Republica. Fomos juntas à Igreja de Orsamichelle (linda!), onde tirei algumas fotos roubadas da fiscal chata que ficava de olho em mim.
Ainda passamos pela loja do restaurador, onde pude conferir a vitrine curiosissima, com potes e vidros recheados de óleos, pigmentos, raizes e materiais dos mais diversos. O dono ainda veio conversar um pouco conosco e comentou das dificuldades sobre se manter uma loja daquelas funcionando. Quando perguntei se poderia tirar algumas fotos, ele consentiu sorrindo e dizendo que muitos turistas entravam, não davam nem bom dia, fotografavam sem nem saber direito do que se tratava e iam embora da mesma maneira com que haviam entrado. Incrível a má educação das pessoas!
Depois de uma sessãozinha longa de compras (tenho de manter a deseducação da Nandi em forma), fomos embora. No fim do dia, todos nós fomos comer uma pizza num restaurante bem simpático, às margens do Arno.
Bacione!
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