Acordei ainda bem cansada, pois a delicia da fiori di zucchini rendeu ainda muitos papos pela madrugada adentro. Tomei café com a Nandi e o Andrea e segui pra Estação Santa Maria Novella a fim de comprar as passagens pro dia seguinte. Contra todas as minhas expectativas, decidi ir a Pisa, pois seria um destino mais rápido e barato pra esse finzinho de viagem. No início, não tive a menor intenção de conhecer esta cidade, de tanto ouvir que "Pisa só tem a torre". Mas a Nandi me convenceu de que seria um passeio bacana e o com custo/benefício mais favorável do que uma ida a Pádua (muito longe e de passagem cara) ou Montalcino (longe e cansativo pra um penúltimo dia).
Depois de compradas as passagens (já praticamente tenho carteirinha da SMN, de tanto que fui lá nesses dias), segui pra almoçar no Mercado e comprar algumas coisinhas que queria levar pra minha família provar, como o panforte e o vinho santo onde se molha o biscoito cantuccinni (este, já comprado há séculos no supermercado). Acabei almoçando uma massa que a Cristina e a Adriana haviam pedido no dia em que estivemos juntas por lá; um tagliatelle com molho de aspargos bem saboroso.
Dali, segui pra ver o Chiostro dello Scalzo, super bem indicado pela Nandi pois havia sido totalmente afrescado monocromaticamente pelo Andrea del Sarto. O tema das obras é a história de São João Baptista. Ela adora esse artista e eu, como boa pupila, estou passando a virar fã de carteirinha também. Mas é só dar uma olhada nas fotos pra se ver que, apesar de não ser um nome tão conhecido pelos leigos (pelo menos, não me lembro de ele ter sido citado pelos meus professores de História da Arte na faculdade), o cara era um mestre.
É muito bacana ver a "história em quadrinhos" que eles montavam antigamente, porque a maior parte da população não sabia ler. Então, a Arte desses afrescos, além do propósito do encantamento, também tinha razões didáticas. Fiquei pensando que este assunto seria deliciosa matéria prima pra um capítulo da minha dissertação, que tratava justamente da união do que encanta com o que ensina. Hum... acho até que pode vir a render um artigo bacana.
Depois, cruzei todo o centro da cidade pra ir ao Museu da História da Ciência, também chamado Museu Galileu Galilei. Foi ótimo porque pude ir me despedindo de vários pontos queridos da cidade nesse caminho.
O museu foi interessante, mas confesso envergonhada que fiquei meio entediada graças aos meus interesses bem escassos nos experimentos desses cientistas. Sei da importância que isso tudo tem na evolução da humanidade, mas simplesmente não captura a minha atenção. Fico muito mais interessada na estética dos instrumentos, vidrinhos, mapas e estruturas que são apresentadas. Só que chega uma hora em que começaram a ficar repetitivas, daí eu me entediei.
Uma obra que me chamou muitíssimo atenção foi o mapamundi feito no século XV por... Fra' Mauro! O mapa é muito curioso, com a interpretação dos caras do que seria a organização geográfica do planeta. Vale a pena conferir os detalhes da imagem com um zoom. Ah, e nada de criticar meu possível ancestral, hein? Estamos falando do início da expansão marítima!
Depois, acabei voltando pra casa da Nandi, pois estava um calor escaldante e eu precisava dar uma descansada. Iríamos a um concerto mais tarde, no Teatro Comunale di Firenzi, pois um par de ingressos foram gentilmente presenteados à Nandi por um amigo seu. No caminho de retorno, comprei uma focaccia pra lancharmos mais tarde, pois ainda não tinha comido nenhuma delas, que amo, nesse período intensivo de engorda à italiana.
A Nandi não sabia exatamente o que veríamos e, chegando lá, descobrimos que se tratava de uma ópera de Donizetti, sobre a história das rainhas Ana Bolena, Maria Stuart e Elizabeth. Era uma versão sem o cenário ou idumentária, apenas com a orquestra e com os cantores performando e eu adorei! Falei com a Nandi que, com esse intensivão de engorda + erudição, ela serà responsàvel pela manutençào do meu estado civil. Afinal, vai ficar dificil achar um namorado que me ature depois da Itàlia. Rs.
Segundo a Nandi, o teatro era horroroso (minha ignorância arquitetônica permite também alguns prazeres, pois eu tinha achado muito simpático), mas a acústica era maravilhosa. Ambas achamos que a soprano era espetacular (lembrando que meu conhecimento de música vem do que ensinou a Noviça Rebelde) e praticamente não havia lugares vazios na platéia. Tinha até bastante gente jovem, obviamente composta na maior parte de mulheres, mas também de alguns homens... gays, mas isso é só um detalhe.
Na volta, a cidade estava cheia em volta do Arno, com muita gente jovem bebendo e tomando gelato. Tirei várias fotos, inclusive de lojas de Arte que ficam acesas à noite. Ô cidadezinha espetacular essa tal de Florença!
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário