segunda-feira, 20 de junho de 2011

Lago di Garda: décimo quarto dia - 19/6

Estou conectada no hotel, aguardando a hora de ir pra estação, onde pegarei o trem de volta a Florença (conexão em Verona e Bolonha). Os registros que estão faltando serão devidamente postos em dia durante a viagem, pois vai me ajudar a passar o tempo.

Resumindo esse décimo quarto dia, fiz um passeio de barco super bacana ao redor do Lago di Garda. Dava pra parar nas cidadezinhas e depois retornar a outro barco. O problema era se entender no labirinto de linhas e horários que precisam ser combinados pra que se chegue aonde se quer, na hora em que se deseja.

Parei nas cidades de Limone, Riva del Garda e Malcesine. Saí às 9:10 e retornei às 19:10. Ao chegar ao hotel, tomei banho e fui jantar numa trattoria próxima, com a intenção de comer truta. Perguntei se a garçonete falava Inglês e ela respondeu que não. Daí, falei em Português, olhando o cardápio "ai meu Deus, como eu vou explicar pra ela que eu quero comer truta?". Ela respondeu "é só falar em Português, porque eu sou brasileira". Foi hilário!

O nome dela era Danusa e me contou que era de Santa Catarina e morava na Itália com o marido e os dois filhos há 4 anos. A trattoria era de napolitanos e, além da garçonete, o clima também era brasileiro. A galera de Nápolis é muito mais afetuosa (e barulhenta) do que os italianos do norte.


...

Segue o post que estava devendo...

Acordei cedo, mas super bem disposta. Nada como um pouquinho de conforto depois daquele perrengue do albergue em Verona. Acho que estou ficando velha mesmo... rs.

O café da manhã do hotel era ótimo, com pães, folhados e vários queijos diferentes. Alguns até bem fortes. Acho que é a influência da Alemanha tão próxima. Aliás, o idioma que mais se ouve nas cidades em volta do Lago Garda é o Alemão. Muito mais do que o Italiano. Em algumas lojas e restaurantes, vinham me atender falando primeiro em Alemão. Eu continuava respondendo o padrão "Scusi, parla inglese?", porque já se entendia que eu não tinha a menor ideia do que estavam falando e não teria se tentassem o Italiano.

Cheguei no cais por volta de 8:45. A dinâmica dos barcos era meio confusa de se entender entender. Demorei um tempo até sacar aonde e qual passe comprar. Encontrei o Mauro, que me ajudou com informações no dia anterior e ele me indicou que eu teria de entrar numa casinha que parecia fechada. A confusão não era só minha, pois foi só eu me enfiar lá dentro que veio um bando de turistas atrás de mim.

Comprei o passe de um dia, com o qual poderia entrar e sair de vários barcos, trafegando por entre as cidades. O atendente me aconselhou a pegar o "rápido" até Limone ou Riva del Garda, que ficam mais distantes, e deixar as demais cidades pra volta, nos barcos mais vagarosos. Concordei com a sugestão e paguei o extra pelo indicado, que custou quase 5 euros. Os dois bilhetes deram pouco mais de 30 euros. Bem carinho!

Já dentro do barco, aboletei-me num lugar ótimo na parte de cima, que era aberta. Não aguentei nem 5 minutos de vento frio e desci pra parte fechada, ficando bem na frente da janela central. Uma senhora italiana teve a mesma ideia que eu e se sentou ao meu lado. Ela me irritou bastante durante a viagem, porque ficava esbarrando no meu braço com o braço dela, enquanto mexia na própria bolsa. E ela mexia na droga da bolsa o tempo todo! Detesto gente desconhecida que invade meu espaço aéreo.

Tentei abstrair das cutucadas e pus-me a decifrar o trajeto que eu faria entre as cidades, escolhendo os barcos que pegaria. A coisa é complicada porque é preciso montar uma sequência que concilie os lugares em que se deseja saltar, o tempo que deseja ficar e os barcos que irão passar. Nem todos os barcos passam por todas as cidades e eu tinha de terminar em um que fosse parar em Peschiera. Depois de uns bons 20 minutos estudando, acabei decidindo por saltar em Limone, Riva del Garda, Malescine e Bardolino. Com isso, eu chegaria por volta de 20h em Peschiera. OK, a ideia era passar o dia inteiro mesmo.

Realmente o lago é lindíssimo e imenso. Demorei quase 3 horas pra chegar em Limone, minha primeira parada. Apesar de ser um passeio lindo, confesso que já estava de saco cheio de ficar dentro do barco, ainda mais com a chata daquela senhora espaçosa ao meu lado. Mas Limone era uma graça e ali mesmo deu pra perceber a beleza dessas cidades na parte norte do Garda. Cada uma linda e diferente a seu modo, como também eram Peschiera e Sirmione.

Ia passar apenas 40 minutos em Limone, por isso, acabei comprando um pedaço de pizza com uma bicchiera de vino rosso pra comer rápido. Tirei várias fotos e peguei um solzinho gostoso na orla (pode-se chamar a beira do lago de orla?). O sol pegou firme, mas na sombra, fazia um certo frio.

Segui pra Riva del Garda no barco escolhido, que era bem diferente do primeiro que havia pego. Fiquei na parte de trás, que era aberta, mas não batia tanto vento. Peguei o folheto novamente pra rever meu trajeto, pois havia escolhido Bardolino pra última parada, mas havia gostado bastante de Gardone, quando a vi nas paradas da ida. Enquanto pesquisava, um rapaz que trabalhava na cia dos barcos perguntou-me se eu queria ajuda. Expliquei o que desejava fazer e ele esclareceu que eu estava contando com três trajetos rápidos e que teria de pagar um extra por cada um deles.

Eu havia entendido que com o extra pago na ida, estaria coberto qualquer outro barco desse tipo durante o passeio, mas estava enganada. Agradeci e pus-me novamente a escolher nova sequência. Haja saco! O rapaz sugeriu parar em Riva, Malcesine e Bardolino, entrando por último num barco em que ele estaria. Ele havia perguntado de onde eu era, por onde estava viajando e, depois dessa última frase e de um olharzinho guloso que percebi, imaginei segundas intenções bem italianas da parte do moço. Agradeci a ajuda e montei minha sequência fugindo desse último barco sugerido.

Saltei em Riva del Garda, que de todas as cidades ao redor do lago, pareceu-me a menos bonita. Eram só vinte minutinhos que eu tinha até o próximo barco, então decidi não me afastar muito. Acabei parando numa lojinha que tinha umas blusas lindas de algodão. Com isso, demorei-me mais do que imaginava e cheguei um minuto atrasada no cais. Foi o suficiente pra perder o barco. Curiosamente, foi o único barco que saiu na hora. Todos os outros atrasaram!

Felizmente, havia um outro dali a 25 minutos que também parava em Malcesine e foi este que peguei. Mas, ironia do destino, quem é que estava neste barco? Sim, o mocinho do olhar guloso! Falei um "Ciao" rápido, sem nem olhar direito e segui pro andar do restaurante. Pedi uma tacinha de Lugana (vinho branco da regiào), uma água e fiquei escondidinha lá, curtindo a vista. Deu 10 minutos e quem me aparece? Afe!

O mocinho do olhar guloso perguntou o trajeto que eu havia escolhido e eu falei. Ele analisou, aprovou com o olhar e, pimba! Sentou na minha frente. Tentei ser educada sem ser muito simpática, mas não deu outra. Com um Inglês horroroso, ele me convidou pra tomar um drink em Peschiera. Fingi que não estava entendendo até onde deu, mas chegou uma hora em que respondi com a frase mais multilíngue (e doida) possível "Ah! Scusi. Tengo que dormire perque domani hay que seguir cedo a Firenze. Pero, grazie mille!". Mesmo com o idioma maluco que eu criei, toco é toco em qualquer parte do mundo. O mocinho fez um "ahh...", sorriu, deu uns 30 segundinhos e partiu. Provavelmente em busca de uma outra turista desacompanhada pra mandar o "blablablare" dele.

Saltei em Malcesine e fiquei pouco mais de uma hora por lá. Comi outro pedaço de pizza e encontrei uma barraquinha com um produtor de cerejas e vinhos. Comprei 500g de umas cerejas enormes e bem escuras. Foram as melhores da minha vida! Docinhas, crocantes e cheias de sabor.

Perto da hora de voltar, paguei o extra pelo barco rápido e fiquei esperando no cais. Não queria correr o risco de perder a viagem novamente. Assim que entrei, aboletei-me no andar de baixo, sentei na janela, abracei minha bolsa e chapei. Acordei na parada em Sirmione, apenas pra dar o último adeus, de longe, à Grotte di Catullo.

Saltei em Peschiera, fui andando até a estação pra comprar a passagem de volta e voltei pro hotel andando também. O jantar, conforme eu já havia contado no post resumido, foi servido pela garçonete Danusa. Comi Cozze, que é uma espécie de marisco cozido, com limão e depois um peixe com batatas, chamado Brazino. Resolvi provar a cerveja da região que, por causa dos alemães, era a bebida que eu mais via sendo consumida.

A intenção era me conectar novamente quando voltasse ao hotel, mas foi impossível pois estava absolutamente exausta. Dormi depois de 5 minutos assistindo a Os 12 Macacos dublado em alemão.

Apesar de toda a beleza do Garda, no dia seguinte, ritorno a Firenze!

7 comentários:

  1. Aninha, você está exuberante.
    E sério mesmo... Tenho medo de ir numa cidadezinha dessa e não querer mais voltar.
    É meus sonho de vida.
    :O

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  2. PS: Também vivi situação semelhante na Alemanha... Quando passeando na rua com colegas, começamos a comentar que podíamos ali falar diversos palavrões porque ninguém entenderia nada mesmo. Foi, então, que um casal atrás, falou "Nós entenderíamos!"...

    Foi tão perturbador. Risos...

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  3. Ana, que lugar mais maravilhoso eh este...meu Deus!!!!!!!

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  4. Isabela, realmente, o Lago di Garda eh muito impressionante! Se quiser planejar pra proxima viagem, nào irà se arrepender.

    Beijos.

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  5. FOTOS APAIXONANTES !!!!! VOCÊ MERECE TODA ESSSA FELICIDADE !!! BJS COM SAUDADES

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  6. Que maravilhaa, que lugar estonteante....
    morri de rir com a história do menino guloso... valeu esse post!!!

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  7. Obrigada, Flavinha! Pena que vc nào conseguiu vir, conforme haviamos planejado inicialmente.

    Rose, a situaçào foi engraçada mesmo. O sujeito foi a versào do Lago di Garda do gondoleiro veneziando do ano passado, lembra? Rs.

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