segunda-feira, 13 de maio de 2013

12 de maio - Dia cheio, cheio de encantamento!


No Domingo, não acordamos muito cedo, ainda nos recuperando da noite em claro no avião. Na verdade, essa recuperação está sendo uma parte difícil pra mim. Talvez graças à empolgação com a viagem ou talvez devido aos muito cappuccinos, Morfeu não tem sido um amigo muito próximo. Confesso que, diante de duas madrugadas insones, o encantamento inicial que eu havia sentido pelas badaladas suaves de sino tocadas a cada quinze minutos na igreja mais próxima diminuíram bastante.

Mas haverá muito tempo pra descansar depois, portanto, em torno das 10 horas, já estávamos preparados para sair. Encontramos Monica na sala do Bed and Breakfast e, depois de algumas orientações de última hora, ela e Eduardo travaram uma animada conversa em Italiano sobre a situação difícil deste país.
Tomamos nossa prima colazione num bar próximo ao Night and Day, também de propriedade da Monica, que faz as vezes do segundo “B” de Bed & Breakfast. Ela foi dignamente composta de cappuccino com croissant de chocolate, mais uma garrafa de água “gasata”.

Nosso roteiro inicial compreendia uma série de atrações e seria muito difícil conseguirmos visitar todos os lugares que havíamos planejado, mas o lema é sempre tentar, mas nunca com stress. Partimos, então, pra Igreja Santa Maria della Vittoria, a menos de 10 minutos de caminhada, onde poderíamos ver uma das esculturas mais famosas do mestre Bernini, “Êxtase de Santa Tereza”.

Não foi difícil encontrar a igreja, que fica no mesmo quarteirão da Fontana di Mosè, que depois conferimos no guia, em contraste com a perfeição de formas do “Êxtase”,  foi considerada uma tentativa mal sucedida de Prospero Bresciano ou Leonardo Sormani para recriar a força do Moisés de Michelangelo. Bem, muito cá entre nós, eu achei tão linda... L


Já na Igreja de Santa Maria della Vittoria, ainda que a escultura de Santa Tereza não estivesse à vista da entrada, a aglomeração de turistas na capela lateral esquerda, próxima ao altar já denotava sua localização.
E lá estava ela, ainda mais bonita do que o meu livro de História da Arte da faculdade sugeria, com seus lábios entreabertos, braços pendentes, olhos fechados e, a sua frente, o anjinho com expressão curiosa, empunhando as flechas que trespassavam o peito da santa em êxtase. Lemos, depois, que se tratava da escultura preferida do Bernini, absolutamente toda trabalhada por ele.



O teto da igreja, bem como todas as outras capelas, era tão suntuosamente adornado quanto se pode esperar de uma obra prima barroca. De autoria do arquiteto Carlo Maderno, responsável por boa parte das fachadas de igrejas importantes da mesma época, repetia um efeito que percebemos tanto na Igreja de Santo Ignacio, quanto na Igreja de Gesú. Em todas elas, há parte das figuras feitas no relevo, quase como se fossem esculturas pintadas. Além disso, há várias esculturas integradas às molduras douradas, como se os querubins estivessem de fato voando, por entre a estrutura física da igreja.



Seguimos pela Via Quirinale nos depararmos com um cruzamento com quatro fontes. Nem eu, nem Eduardo havíamos ouvido falar dessas que justificavam o nome da rua por que passávamos, chamada de Via delle Quattro Fontane. Esse é um dos grandes baratos de Roma. É tanta coisa linda, que você pode se surpreender nos lugares que menos imagina.







Logo mais à frente, passamos por um jardim muito simpático. Diferentemente da maior parte das atrações que visitamos até agora, havia poucas pessoas desfrutando daquele domingo primaveril, de clima delicioso, com céu impecavelmente azul. Uma rápida conferida no guia e pronto! Descobrimos que estávamos nos Giardini Quirinale.



Seguindo mais à frente, chegamos ao destino com que havíamos decidido fechar a primeira parte do passeio, o Pallazzo Barberini. Foi outra maravilha de que não tínhamos ouvido falar e abrigava nada menos do que obras de Rafael e do meu querido Caravvaggio. Pra completar nossa sorte, o museu fazia 60 anos e estava comemorando com entrada franca. Só ouvimos o idioma italiano a nossa volta, confirmando que o Pallazzo Barberini e suas abelhas (um dos símbolos da família) era mais popular entre os locais do que entre os turistas.





O Pallazzo Barberini fica muito próximo do Night and Day e decidimos dar uma passada no B&B pra pegarmos o mapa de indicações de restaurantes próximos que a Monica havia nos dado. Ao descermos a Via Rasella, vimos um grupo de americanos parados em frente a um prédio recuado. Não parecia haver nada de especial com o lugar, mas o Eduardo conseguiu ouvir um pouco do que o guia falava e percebeu se tratar de algum evento acontecido durante a II Guerra. Já no quarto, munidos de conexão wifi, o danado pesquisou no Trip Advisor e descobriu que, na Via Rasella, alemães e italianos travaram um combate em que os alemães dispararam contra os prédios e muitas marcas de bala podem ser vistas até hoje. Esse episódio se desdobrou numa chacina, onde, em retaliação às baixas alemãs na batalha, 355 italianos foram presos em catacumbas para serem deixados à morte. Obviamente, fizemos uma paradinha estratégica do almoço pra eu fazer meu registro desse local histórico.




Depois do sítio dramático, subimos em direção à Villa Borguese por meio da sofisticada Via Veneto. Acabamos encontrando um restaurante não tão caro, onde comi uma salada, seguida de pizza, acompanhados de Frascati, enquanto o Eduardo pediu uma massa com frutos do mar. Fechei a refeição com um cappuccino que me faria acompanhar as badaladas do sino da madrugada e seguimos para o parque.





Como era Domingo, pudemos ver os romanos aproveitando seu lugar ao sol. E que lugar! Seguimos por uma via que chegaria à Galeria Borguese e confirmamos com muita tristeza o que a Monica havia nos antecipado. Dificilmente conseguiríamos ingressos pra ver as tão maravilhosas obras de Bernini e Caravvaggio abrigadas por esse museu tão espetacular. Dito e feito! Ingressos esgotados até sexta-feira, quando já nem estaremos mais em Roma. Não havia me preocupado com isso porque, em 2010, eu apenas comprei as entradas algumas horas antes de entrar no museu e achei que a situação fosse se repetir. Ponto fraco do planejamento, mas não se pode ganhar todas!
Curamos nossa “mágoa” passeando mais um pouco sob o sol generoso da Villa Borguese, até o Belvedere, onde tiramos fotos da Piazza Del Poppolo e descemos as escadas até a praça e a própria igreja de Santa Maria Del Poppolo, onde conseguimos admirar a espetacular crucificação de São Pedro, de Caravvaggio.



O dia ainda estava longe de terminar! Determinados em ver ainda naquele dia a Basilica de São Pedro, seguimos em linha reta (ou tanto quanto possível) até o Vaticano e entramos sem problema na Capital da Santa Igreja Católica.




Constatamos que as maiores igrejas que vimos correspondem a uma única capela dessa impressionante Catedral e tentamos passar, ao menos, pelas obras mais importantes, pois já estávamos próximos de 19 h, quando o lugar fecha para a visitação.




Saindo dali, andamos um pouco pela Via della Conciliazione e seguimos em direção ao Castelo Sant´Angello, que já estava fechado. Sem problemas! Seguimos pela Ponte dos Anjos, em direção à Piazza Navona, onde tínhamos a indicação de uma ótima trattoria para o jantar. Serviço honesto e comida típica deliciosamente italiana, sem ser pra turista. Perfecto!








Sei lá como, ainda tivemos ânimo de andar (sim, ANDAR) até a Termini, passando pela Piazza della Reppublica.



Nossa intenção era comprar as passagens a Campobasso no dia seguinte, onde faríamos uma aventura pra investigar o passado da família Gaspari, sobrenome da bisavó do Eduardo, na pequena cidade de Portocannone. Chegamos depois de 23h no Night and Day e o trem sairia às 6:15 do dia seguinte. Dio mio!

Foi justamente durante a viagem de trem a Campobasso (3:30 cada perna) que a maior parte deste post foi escrito (por isso tão grande), mas esse relato completo fica pra próxima.

Uffa!
Bacione.

Um comentário:

  1. Amei!!!! mandei um email pra vcs anteontem com um as dicas...
    Divirtam-se por mim!!!!

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