terça-feira, 21 de maio de 2013

18 de maio: dia inteiro em Veneza


Este post está sendo escrito no fim do dia 21 de maio, enquanto passamos nossa 3ª noite em Viena. Olhando pra trás, relembrando tantas experiências de pura beleza que tivemos na Itália, parece que foi uma outra vida.

Não que Viena seja ruim. De forma alguma! São muitas as virtudes dessa cidade incrível, mas seus relatos ficam pra outro post e Itália é Itália. Agora é hora de falar dela, que é a rainha do meu coração. Mais precisamente, nosso último destino nesse país maravilhoso, Veneza!

O dia 18 foi o único dia inteiro que passamos em Veneza. O roteiro planejado por nós previa uma série de atrações que não conseguimos cumprir, pois tudo o que vemos demanda o dobro de tempo, já que o ritmo é outro aqui. O fato de a cidade (parte antiga) não ter carros traz uma fluidez diferente das horas. Não que o tempo passe depressa. O que acontece é que ele demanda ser muito bem usado, aproveitado e sorvido na delícia que é simplesmente caminhar pelas ruelas, becos, “campos” (nome dado às praças de Veneza), pontes, canais e igrejas. Um bom exemplo é a vista da torre do Campanário. Nada menos do que um mosaico de infindável deleite para os olhos, pois até os telhados de Veneza são lindos.

Dito isso, voltemos ao dia 18!

O tempo amanheceu novamente divino, com um sol ameno e um céu espetacularmente limpo. Depois de tomarmos nosso café (cappuccino com croissant e nutella) e acertarmos tudo com Marco (simplesmente, uma versão quase idêntica ao pai, 30 anos mais novo e 40% menos sorridente) e partimos novamente pra San Marco.

A fila pra Catedral estava imensa, de maneira que preferimos a da Torre do Campanário. Atrás de nós, alguns russos (como vimos russos a passeio na Itália!) ouviam sobre as maravilhas da cidade. Eles colocaram o volume bem alto pra que os dois pudessem ouvir e um raio de 2 metros em volta, inclusive nós, também escutávamos aquela voz dramática "San Marrrrrrrco...". Enquanto eu tirava fotos de tudo o que podia, o Eduardo aperfeiçoava sua imitação dos camaradas e pensava onde poderíamos conseguir os audioguias de idioma decifrável sobre toda a cidade.





Depois de 15 minutos de fila, entramos na base da torre e alugamos guias pra todos os destaques, por 10 euros cada um. Foi ótimo, pois não tínhamos nenhum impresso com a história das atrações e uma cidade com a importância de Veneza exige ser conhecida, além de apreciada.

Passamos cerca de 40 minutos no topo, ouvindo sobre cada destaque naqueles 360 graus de puro encantamento. Além dos locais históricos, a narração também falava sobre plataformas de madeira que podiam ser vistas nos telhados, onde as venezianas esticavam seus cabelos ao sol, para clareá-los. Soubemos também outras curiosidade interessantes sobre a torre e as colunas na Piazzeta em frente ao Pallazzo Ducale e sobre a bibilioteca, separada do Ducale pela própria Piazzeta.

A torre chegou a cair no início do século XX, mas, obviamente, foi reconstruída mais tarde. As colunas seriam 3, mas durante sua instalação, a do meio caiu no canal e nunca conseguiram resgatá-la. Até hoje os venezianos entendem como mau agouro passar entre as duas colunas. Por último, a biblioteca, projetada por um arquiteto famoso da época, colapsou e caiu, fazendo com que ele fosse preso e só a influência do prestigiado Tiziano o libertou. Ele então construiu novamente a biblioteca, que se mantém até hoje.









Quando chegou meio-dia, o sino deu suas inúmeras (perdemos a conta, mas certamente foram mais de doze) badaladas. Muito interessante ouvir o mesmo som que os venezianos deveriam escutar tantos séculos atrás.



Depois, fomos à Catedral de São Marco e vimos detalhadamente os mosaicos impressionantes que revestem aquela igreja milenar. Depois, subimos pra conferir de perto os Cavalos de Constantino. Tanto os originais, na parte de dentro, quanto as imponentes cópias, na fachada externa da igreja.



Já eram praticamente 3 da tarde quando decidimos seguir pra próxima parte, que era o distrito de Dorsoduro, onde planejávamos almoçar no Il Café ou Café Rosso. Foi impossível segurar a fome até lá, até porque, resolvemos caminhar dando uma volta maior, pra que obrigatoriamente passássemos por Rialto.



Vista  essa linda ponte, depois de uns 15 minutos, acabamos parando numa osteria com atendente extremamente simpática até entrarmos. Depois que eu pedi o menu turístico, ela fechou a cara e não abriu mais. Em todo caso, o que menos me importava era a simpatia dela e sim a comida do lugar, que não fez feio! Eduardo foi de taglione de ragú e eu de spaguetti de frutos do mar, seguido de salada. Só na saída fomos ver que o local era indicado do Trip Advisor. Chamava-se Osteria Ponte “A Patatina”.






Andamos até o Campo di Santa Margarita e depois fomos direto ao Museu Acaddemia, onde pudemos conferir vários mestres venezianos, como Ticiano, Tintoretto e Veronese. A produção intensa do Tintoretto foi algo que nos impressionou. Não só ali, mas também depois, no Pallazzo Ducale, só dava Tintoretto! E ainda há a Scuola di San Rocco que é toda dele!

Ainda tirei algumas fotos no caminho, mas não chegamos a parar em nenhuma outra atração, pois a ideia era fazermos o percurso de traguetto pelo canal grande de San Marco até a Ferrovia, ouvindo no audioguia a respeito de todos os prédios e locais famosos. Essa foi a sugestão da atendente (russa!!!) com quem alugamos o aparelhinho.

Acho que todos tiveram a mesma ideia que nós, na mesma hora, porque o ponto do traguetto estava lotado, de uma maneira que só conseguirmos entrar no segundo que passou. Tivemos de ficar em pé, mas o lugar era relativamente confortável. Depois de algum tempo, algumas pessoas saíram de onde estavam, logo a nossa frente. Dei uns dois passos adiante, indo pra um ponto um pouco mais frontal do barco, quando ouvi um barulhão atrás de mim e pulei! Era o motorista que socava a janela, me avisando que eu estava bem na frente dele. Morri de vergonha e devo ter ficado roxa por uns quinze minutos, pois meu rosto pegava fogo.

Terminado o passeio, convenci o Eduardo a irmos pra San Giacomo, que era uma região próxima ao albergue em que eu havia ficado em 2010. Na época, acabei almoçando por lé e, ao comentar o fato com uma brasileira que morava em Veneza e que conheci naquela viagem, ela se admirou, dizendo que eu havia dado muita sorte. Aquela era a área onde iam os venezianos, quando queriam almoçar ou jantar fora.

Encontramos com facilidade o Campo di San Giacomo e lá estava um dos restaurantes por que procurávamos, o Al Bagolo! Era um anoitecer lindo e como chegamos cedo, conseguimos ficar do lado de fora.






De primo, fui de sopa de legumes e o Eduardo, um penne ao pesto. De secondo, pedi um fígado acebolado com polenta, o que provocou uma reação de aprovação do garçon. Ele exclamou “Hum, buonissimo!”. O Eduardo pediu um filé empanado.

Também tomamos o Spritz, que já era o drink local em 2010 e, pelo visto, continua sendo, pois boa parte das pessoas que foram chegando no restaurante ostentavam felizes seus copos com a mistura de campari, Schweppes, laranja e sabe-se lá o que mais. Vou procurar depois a receita na internet porque até o Eduardo gostou quando provou.

Na volta, caminhamos novamente passando por Rialto pra conferirmos seu visual à noite e depois, seguimos direto ao Bed and Breakfast.



Quando chegamos ao quarto e revimos o roteiro do dia, nos damos conta de que não havíamos entrado no Pallazzo Ducale. Era um passeio obrigatório que eu havia perdido também em 2010. Pra completar, o Franco nos informou durante o café da manhã que no dia seguinte haveria uma regata e que os traguettos não estariam passando. Isso significava que teríamos de ir ANDANDO pra estação ferroviária, o que, além de fazer o perrengômetro apitar descontroladamente, nos obrigava a sair, no mínimo 40 minutos antes do previsto.

Assim, decidimos ir no Ducale e deixar a Scuola di San Rocco pra uma próxima ida a Veneza. Sim, próxima visita, porque Veneza merece prioridade nos roteiros de qualquer ser humano que ame beleza!

Bacione.

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