domingo, 19 de maio de 2013

16 de maio: Ah, Firenze!


No dia anterior, já havíamos combinado de encontrar a Nandi na Chiesa Santa Croce e suas inúmeras obras e sepulturas ilustres, como as de Michelangelo, Galileu e Maquiavel.

Acabamos marcando um horário no fim da manhã e, como o tempo não estava muito bom, decidimos ir a outro museu antes: a maravilhosa Capela dos Medici. Lá, pude conferir novamente a espetacular Noite e Dia, além de Amanhecer e Anoitecer, ambas de Michelangelo.

Consegui passar pela feira di San Lorenzo sem comprar uma única echarpe sequer (Brava!!) e fomos pra Santa Croce, onde a Nandi já nos esperava na Piazza, próximo à estátua de Dante.

Mesmo já tendo a melhor guia de todas, resolvemos complementar o riquíssimo passeio com as explicações do audioguia, que foi alugado pelo Eduardo. Quem o atendeu na recepção foi uma italiana alta, de olhos azuis e sorridente demais pro meu gosto!

Entramos na minha igreja preferida de Florença e nos detivemos em cada obra, onde os três puderam ouvir a narração do audioguia: Eduardo com o fone principal e eu e Nandi, cada uma com uma das orelhas do headphone do iPhone plugado no original. Depois, obviamente, nossa guia principal complementava com informações ainda mais importantes.






A parte mais interessante, além de ver os monumentos onde repousam os restos mortais de alguns dos maiores ícones do Renascimento, foi ver as capelas de Giotto e seus discípulos. Santa Croce é uma igreja franciscana e Giotto um dos artistas preferidos dessa Ordem, tendo inclusive afrescado toda a Basílica de São Francisco de Assis. É muito impressionante ver, como diz a Nandi, o início da arte genuinamente ocidental, nascendo nas obras desse mestre que assombrou o século XIV e marcou a História da Arte para sempre.



Outro destaque de Santa Croce é o púlpito espetacular de Giovanni da Maiano que, conforme dito no audioguia, não trazia as tradicionais escadas de acesso a arrematar sua composição. Para que lhe fosse dada máxima leveza, o arquiteto criou escadas dentro da coluna que o suportava, com uma porta de entrada na parte de trás do púlpito. O trabalho é de uma riqueza de detalhes e, ao mesmo tempo, uma delicadeza inacreditáveis.





Também vimos a Anunciação de Donatello, feito em pedra serena. Apesar de lindo, é de um rigor de causar espanto ao lembrarmos que esse é o mesmo autor da minha querida Madalena,feita no século XIV e, até hoje, tão moderna e ousada. No entanto, a Nandi explicou que aquela era uma obra do início da carreira do mestre, enquanto a obra que brilha no Opera Del Duomo representa uma fase posterior e mais arrojada do artista.



Vimos também o museu e as fotos que mostram o estrago feito na enchente de 1966, quando a água atingiu a impressionante altura de 5 metros e destruiu inúmeras obras em toda a cidade. Nandi contou que os religiosos, no afã de tentar salvar algumas pinturas, cortaram-nas das molduras e enrolaram-nas, levando-as pra patamares mais altos, a salvo da água. No entanto, imaginando que dessa forma as protegeriam melhor da chuva, colocaram as faces pintadas voltadas pra dentro. O craquelamento que isso provocou, aliado à umidade da chuva causou danos muitas vezes irreversíveis.

Despedimo-nos de nossa amiga guia pra encontrá-la e ao Nelson mais tarde, quando todos jantaríamos uma pizza em comemoração ao seu aniversário, que seria no dia seguinte.




Eu e Eduardo partimos em direção ao Il Magnifico, em cujas proximidades pretendíamos almoçar e depois seguir a Piazzale Michelangelo e San Miniato al Monte, que ficava naquela mesma margem do rio Arno.

Depois do almoço, feito no Bar Negrone, resolvemos pegar um casaco pro Eduardo no B&B. Foi a sorte, pois desandou uma chuva forte, que nos fez esperar quase duas horas até sairmos novamente. Aproveitamos pra dar uma descansada,pois o dia anterior tinha sido puxado e ainda tínhamos muito pela frente. Acordamos com um céu mais limpo e caminho livre pra Piazzale Michelangelo.

Andamos no simpático trajeto do rio até a praça, brincando de adivinhar quem eram nossos compatriotas antes que ouvíssemos o Português. Era fácil! As mulheres de cabelos longos e lisos, quase sempre com um dos itens: legging e tênis, casaco de couro e lenço de seda. Os homens, quase sempre, com os sapatênis vendidos na Mr. Cat, calça jeans e jaqueta. Parece muito banal descrevendo assim, mas sei lá por que, é muito fácil de sacar a nacionalidade brasileira.

Chegando ao topo, pudemos admirar a mais linda vista da cidade. Depois, fomos até San Miniato al Monte, que fica muito próximo e nova chuva desandou. Foi o tempo de visitarmos aquela que é a mais antiga igreja de Firenze, em seu estilo românico, com três patamares. Infelizmente, não tivemos a sorte de assistir aos cantos gregorianos que pude apreciar em 2011. Partimos, então, para o jantar comemorativo de aniversário da nossa amiga.







Encontramos Nandi e Nelson na Piazza della Signoria e acabamos decidindo voltar à outra margem do rio, na pizzeria Antico Santo Espirito, onde eu havia comido duas vezes em 2011 e me recordava da excelente pizza.

A praça de Santo Espirito estava repleta de gente, mas apesar do restaurante estar super cheio, conseguimos lugar facilmente. Foi uma comemoração deliciosa e merecida para a querida Nandi, com deliciosas pizzas, vinho pra mim e Nelson (o da casa estava mais gostoso do que o Chianti que pedimos primeiro), cerveja pra Eduardo e Nandi, além de licores e, obviamente, muita boa conversa.




Andamos com nossos amigos até o ponto de ônibus, cruzando novamente ida e volta o rio Arno (acho que poderia fazê-lo umas mil vezes sem cansar, de tão lindo aquele lugar!), até que paramos pra admirar o Porccelino. Dizem que ao passar a mão no focinho do bicho, volta-se a Firenze, mas eu preferi manter minha própria tradição. Nunca fiz isso porque sempre está lotado de gente. Consegui voltar duas vezes e quero retornar muitas outras mais, portanto, nada de carinho no focinho do javali, mesmo estando vazio naquela noite!



De volta ao B&B, rápida arrumação de malas, pois, outro momento melancólico se aproximava. No dia seguinte, arrivederci, Firenze!

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