Depois de um dia iniciado às 5 da manhã, que se seguiu com
quase 20 horas de muita atividade (sendo que 7 delas passadas num trem
sacolejante), concluído com 2 generosos pedaços de pizza al taglio e meia
garrafa de vinho tinto, minha insônia foi curada. Desliguei assim que pousei a
cabeça no travesseiro e dormi profundamente por cerca de 8 horas.
Na manhã seguinte, depois de um breve relato à Monica sobre
o dia anterior, partimos pra um dos passeios obrigatórios de Roma: Coliseu e
Forum Romano. Optamos pelo metrô, pois apesar de ambos adorarmos caminhar,
queríamos aproveitar o máximo de sol nas atrações. Entramos na Piazza Barberini
e fomos até Termini pela Linha A. Lá, trocamos pela Linha B até a estação
Colosseo.
Lembrei-me de quando, em 2011, minha amiga Rose havia
sugerido que eu fosse ao Coliseu de metrô. Falou como era impressionante, sair
da estação e dar de cara com aquele monumento grandioso. Muito sábia, como
sempre, a Rose.
Era outro dia típico
de Primavera, o que tornou o cenário ainda mais estonteante, contrastando a cor
do mármore antigo, com a terra, o verde das árvores e o azul irretocável do
céu. O sol estava bem forte e quente, mas era só chegar numa sombrinha pra
refrescar imediatamente. Uma delícia!
Alugamos audioguias e seguimos o roteiro proposto,
observando os locais onde os senadores e o Imperador ficavam, além da plebe,
absolutamente segregada por castas. Assim como hoje, os locais mais nobres
ficavam mais próximos à arena, decrescendo em ordem de importância ao passo em
que se subia os patamares.
Vimos as galerias, antes subterrâneas e atualmente expostas,
onde eram guardados os animais e por onde muitos gladiadores ascendiam, numa
espécie de elevador. Soubemos, também, que essas figuras que povoam nosso
imaginário se apresentavam numa média de 2 lutas por ano e viviam até, em
média, seus 30 anos. Eram escravos, mas chegando até um determinado número de
lutas, ganhavam a liberdade. Curiosamente, alguns homens livres se
voluntariavam ao risco de morrer lutando na arena, apenas pela simples
possibilidade de ganhar a fama associada ao ato “corajoso”.
Outras informações passadas eram mais comuns, como o fato de
que o duelo só terminava quando um dos oponentes tivesse morrido, ou muito
ferido. Nesse caso,o imperador determinava se a execução iria até o fim, ou se
a vida do derrotado seria poupada. Nesse ponto, o audioguia acrescentou a
curiosidade de que os corpos dos gladiadores supostamente mortos eram tocados
com ferro em brasa, de forma a desmotivar possíveis fingimentos.
Vimos também a cruz destinada aos cristãos perseguidos e
mortos, embora se saiba hoje que dificilmente houve esse tipo de execução no
Coliseu. Acredita-se, atualmente, que isso tenha acontecido no Circo Massimo.
Depois, partimos pro Fórum Romano, mas antes resolvemos
fazer uma estratégica parada para pizza al taglio com cerveja italiana.
Atravessamos a Via do Forum e escolhemos um dos muitos bares da região. Depois,
um gelato de Amarenna!
No Forum, não conseguimos pegar o audioguia que, segundo a
atendente, já tinha encerrado. Uma pena! Tivemos de nos contentar com nosso
Guia da Folha, que só informava os nomes dos principais templos e edifícios,
sem dar grandes informações.
Ficamos sentados numa pedra de mármore milenar, admirando as
ruínas daquilo que já foi um império poderosíssimo. A brincadeira era tentar
reformular mentalmente as construções, a partir de suas bases e colunas. Mas,
quando voltamos pro B&B, o Eduardo encontrou algumas animações bem
interessantes que têm essa proposta. Aí segue uma, pra quem tiver interesse...
Saímos do Fórum por volta de 18h, pois nossa intenção era
ver o Moisés de Michelangelo, que ficava na Igreja de San Pietro in Vincole, na
área do Coliseu e assim fizemos. A igreja não estava muito cheia, de forma que
pudemos admirar bem de perto a escultura.
Recordei o artigo de Freud sobre essa obra, que me foi
emprestado pelo meu pai no ano passado. No texto, o pai da psicanálise analisa
cada um dos significados possíveis da estátua, fazendo crer que Michelangelo
tentara retratar o momento em que, com as tábuas dos 10 Mandamentos nos braços,
Moisés estaria se dando conta da festa pagã em curso pelo seu povo, ao adorarem
um animal de ouro, o que iria provocar um ataque de fúria de sua parte.
Vimos também a suposta relíquia que foi o motivo da
construção da Igreja. As correntes que teriam algemado São Pedro, enquanto
esteve prisioneiro, e que teriam tido suas duas partes separadas e depois
reunidas, repousavam num relicário bem ao centro da nave, numa área mais baixa,
acessível por pequenas escadas.
Depois, caminhamos pelo lindo anoitecer de Roma, passando
pelo Teatro de Marcellus e pela Coluna de Trajano para depois cruzarmos o rio Tibre.
Nossa intenção era passer e jantar no charmoso bairro de Trastevere. Ainda
passamos pela fachada da linda igreja de Santa Maria de Trastevere, mas já era
noite e ela estava fechada.
Procuramos as duas trattorias indicadas pela Monica, que
ficavam ambas na mesma rua. Optamos pela Rugatino e lá comemos um penne alla
putanesca de primo e eu comi um frango com molho de tomate e legumes grelhados
de secondo, enquanto o Eduardo foi de pesce spada com batatas fritas. Bebemos
vinho tinto da casa e água gasata pra acompanhar e deixamos a sobremesa por conta de um
gelato de pistacchio numa sorveteria próxima.
A aventura gastronômica terminou por volta de 22h, quando
retornamos ao Night and Day, ainda passando pra ver a Fontana di Trevi à noite.
Estava tão cheia quanto de dia e tão bonita também.
Chegamos no quarto e tentamos ir deitar o mais rapidamente
possível pra não dormirmos muito tarde, pois o dia seguinte traria nossa última
manhã em Roma, pois partiríamos pra Florença no trem de 13:55.
Estava quase terminando nossa deliciosa passagem em Roma.
Que aperto no coração!
Quase arrivederci, cidade eterna!

Roma e esse céu incrível são inesquecíveis... é um azul diferente, que vai marcar vocês pra sempre!!!
ResponderExcluirAdorava andar no Foro Romano, só estar pisando este solo e, como vcs fizeram, contemplar e contemplar... já é tudo!