Assim que chegamos na estação de Santa Maria Novella,
lembrei orgulhosa de onde deveríamos pegar o ônibus e fui dando instruções toda
cheia de mim, pois seria uma das poucas cidades que conheceria melhor do que o
Eduardo.
Depois de alguma espera, chegou nosso ônibus, o 23B. Um
lugar desconfortável em pé foi o máximo que conseguimos, mas logo tivemos de ir
pra outro carro, pois o motorista avisou que aquele não seguiria viagem.
Entramos no seguinte, que estava mais cheio e mais desconfortável do que o
anterior. Sofremos num percurso longo, que dava a volta em meia Firenze, até
chegar ao ponto em que deveríamos saltar, o da Ponte Alla Grazie, que nem era
tão longe assim. As instruções não informavam o sentido que deveríamos andar na
rua e, como Murphy é senhor onipotente, principalmente em viagens, escolhemos o
errado. Depois de andarmos um bocado, vimos que a numeração estava estranha e retornamos
ao sentido inverso, até chegarmos a um simpático jardim, onde se localizava o
prédio do Il Magnifico Bed and Breakfast.
Tocamos duas vezes a campainha e uma mocinha falando
italiano com um sotaque que o Eduardo logo identificou como oriental abriu o
portão pra nós. Subimos 3 “abondantes” lances de escada com malas e chegamos ao
simpaticíssimo local, sendo recebidos por Letizia, que é o nome ocidental de
nossa hostess chinesa, Wei Wang.
Ela nos acolheu de uma forma muito cortês e eficiente, mas logo
relaxou o tom formal, incluindo algumas palavras em Português. Acrescentou que
não sabia praticamente nada do idioma, mas seu namorado, Allan, que cuidava do
Bed and Breakfast com ela, falava relativamente bem.
Letizia nos levou ao nosso quarto. Era uma ampla “camara”
com banheiro, de decoração muito acolhedora. De cara, adoramos o lugar e
Letizia pareceu muito satisfeita com nossos elogios. Ela nos mostrou uma
garrafa de vinho Chianti, típico da Toscana, como recepção de boas vindas. Nem
preciso dizer que, nessa hora, o Il Magnifico fez ainda mais jus ao nome.
Depois que deixamos as malas e relaxamos um pouco, Letizia
nos mostrou a cozinha do Bed and Breakfast, explicando como funcionava a
máquina de café ou cappuccino e acrescentando que ficássemos à vontade pra nos
servirmos quantas vezes quiséssemos. Em seguida, deu-nos um mapa, onde fez
várias indicações de restaurantes próximos e atrações importantes.
Saímos pra ganhar a cidade, pois nossos amigos, os 3 gatti,
estariam no albergue às 20:15 pra nos apanhar pra um jantar na casa deles.
Escolhemos a Ponte Vecchio pra ir até o centro e, no caminho, paramos para
nosso primeiro gelato florentino. Qual não foi nossa surpresa quando vimos que
a dona do local era brasileira e seu sorvete, um autêntico gelato italiano, foi
dos melhores que provamos nesta viagem.
Seguimos em direção à Piazza della Signoria, onde paramos
pra algumas fotos do Pallazzo Vecchio e da Loggia della Signoria. Logo partimos
pro museu Opera Del Duomo, meu preferido, onde poderia rever minhas obras mais
queridas: a Madalena de Donatello, uma linda Pietà de Michelangelo e A Cantoria
de Lucca Della Robia.
Fiquei um pouco chateada porque a Madalena foi tirada do
local em que a vi em 2010 e 2011, sendo levada pra mesma sala onde está A Cantoria.
Isso tirou um pouco de peso pra minha querida, que tem um significado triste e
sofrido, perdendo um pouco de impacto, em meio às muitas outras esculturas que
agora a estão rodeando. Por outro lado, o museu agora ganhou uma obra de
impacto, que é o original da porta do Paraíso, de Guiberti, pois apenas sua
cópia pode ser vista no Battistero, para onde foi projetada.
Vimos atentamente a Pietà e todos os detalhes de acabamento
e não acabamento feitos pelo mestre Michelangelo. Lemos como a escultura havia
sido feita pra adornar sua sepultura, inclusive, retratando o rosto de
Nicodemus com suas próprias feições. Infelizmente, problemas no mármore fizeram
com que ele quebrasse algumas partes e desistisse da obra.
Os outros museus já estavam fechados à hora em que saímos.
Além disso, estávamos bastante cansados e decidimos retornar ao Bed and
Breakfast pra dar uma relaxada antes do jantar com nossos amigos. No caminho,
paradinha estratégica pra um piccolo pedaço de pizza cortada e depois num
supermercado, onde compramos um dos vinhos que levaríamos (o outro foi o
Chianti presenteado por Letizia), chocolates e panforte para a sobremesa (um
doce divino de figo e amêndoas).
Às 20:15, em pontualidade europeia, chegava nosso amigo
Nelson pra nos buscar. Que alegria revê-lo e poder apresentar o Eduardo que,
tinha certeza, iria se dar super bem com ele, Nandi e Andrea.
O transporte até Coverciamo, bairro onde os 3 gatti moram,
não era muito fácil, de maneira que andamos até o outro lado do rio e pegamos
dois ônibus, levando o “enorme” tempo de 25 minutos até chegarmos à Via Rajna.
Finalmente, depois de 2 anos, revia minha querida amiga
Nandi e seu filho Andrea. Depois de 15 minutos ainda quebrando o gelo com o
Eduardo, os dois, mais o Nelson, já haviam engrenado um papo mais do que
animado sobre Artes e o que veríamos ainda em viagem.
Jantamos uma belíssima salada caprese, seguida de uma divina
carne assada e batatas coradas feitas pelo Nelson, acompanhados de arroz unidos
venceremos, feito em perfecta parceria entre mim e Nandi. De sobremesa,
panforte e sorvete de Amarenna.
Saímos de lá por volta das 2 da manhã, depois de muito
parlare, manggiare e quase 3 garrafas de vinho italiano.
Ah, Firenze!

e já foram embora? tão rapidinho assim? e o museu?
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