Chegamos em Veneza à tardinha, com muita chuva, mas foi
relativamente fácil pegar o traguetto 5.2 e quando saltamos na parada Ospedale,
o tempo já começava a melhorar.
No caminho para o Casa in Laguna, cruzamos com um senhor
muito distinto, grisalho, de barba e que vestia um sobretudo alinhado. Ele
perguntou se estávamos procurando o Bed and Breakfast, ao que respondemos que
sim. O senhor chamava-se Franco e era pai de Marco, o rapaz com quem eu tratei
nossas reservas.
Chegamos num local muito simpático e não acreditamos quando
vimos o quarto, que era grande, confortável, com banheiro super moderno e com
uma charmosa varanda, de frente pra um dos canais auxiliares.
Depois de colocarmos as malas, Franco deu as instruções
gerais do B&B, nos forneceu as chaves e um mapa bem melhor do que aquele
que havíamos comprado na estação. Mostrou ao Eduardo as orientações pra
atrações mais representativas e eu aproveitei pra perguntar (devidamente
traduzida pelo Eduardo) o caminho pro concerto dos I Veneziani, que
assistiríamos na Chiesa di San Vidal.
Partimos pra ganhar a cidade e foi muito bacana ver a
expressão de êxtase do Eduardo, além dos personalíssimos comentários: “É uma
cidade de dimensões humanas. Feita pra gente caminhar, gente passar e não
carros!” ou “Esta cidade é beleza pra onde quer que se olhe! É como um Buffet
para os olhos!”
Ele foi aprovado com nota 9 no teste maior de seu GPS
interno. Só nos perdemos uma única vez, sendo 100% do tempo guiados por ele. O
fato de eu já ter ido a Veneza em 2010 era totalmente desprezível do ponto de
vista de orientação, pois eu só reconhecia os lugares quando já chegava neles.
No caminho a San Marco, fizemos uma paradinha num bar
simpático, cuja bruschetta no balcão nos atraiu. Pedimos sem nos preocupar com
o preço, afinal, eram bruschettas e nem estávamos tão perto assim de São Marco.
Pois bem, 8 Euros por cada uma nos fez lembrar na marra que estávamos em uma
cidade tão linda quanto cara.
Refeitos da fome e do susto com o preço, andamos mais 5
minutinhos até São Marco. O tempo já tinha limpado completamente e o cenário
daquela praça emoldurada por um céu perfeitamente azul era de tirar o fôlego!
Apesar de já ter estado naquela cidade, ir a Veneza acompanhada do Eduardo foi
como se estivesse lá chegando pela primeira vez. Não que antes tenha sido ruim,
mas agora foi imensamente melhor.
Ouvimos um pouco de música tocada no Café Florian e andamos
às margens do canal grande, admirando o Pallazzo Ducale, a Basílica de São
Marco e as ilhas adjacentes até a hora de seguirmos pro concerto. Fomos com
bastante antecedência, pois ainda não sabíamos da performance do GPS do Eduardo
e não queríamos arriscar nos perdermos com um tempo apertado.
Chegamos com facilidade e, com medo de as coisas já estarem
fechadas quando saíssemos do espetáculo (aconteceu isso comigo uma vez em
2010), resolvemos nos abastecer com um pedaço de... PIZZA! Também passamos num
mercadinho próximo e compramos uma crostata e uma garrafa de vinho, na intenção
de aproveitarmos um pouquinho na varanda, quando chegássemos ao quarto.
Quando entramos na Chiesa San Vidal, desativada há algum
tempo, apenas servindo de palco para espetáculos, o lugar já estava bem cheio.
As pessoas chegaram com 1 hora de antecedência, mais ou menos, mas foi possível
pegar um lugar razoável, já que o espaço não era muito grande. Foram 5
concertos, cada um com 3 movimentos. Cada uma valorizava o solo de um
instrumento: violino, violoncelo, oboé, violino e violino. Foi muito bonito e
os músicos faziam um grupo interessante, com cada um tocando ao seu estilo: do
mais discreto ao mais performático.
Na volta, percebemos que eu devo ter dado algum azar em
2010, pelo dia, ou pela região, pois havia uma infinidade de restaurantes,
trattorias, bares e pizzerias abertas. Mas voltamos direto pro Bed and
Breakfast, onde abrimos nosso vinho e brindamos na varanda, acompanhando alguns
barcos que passavam pelo canal. A brincadeira só não durou muito porque estava
frio pra burro e, apesar de bonito, o lugar não estava muito confortável.
Falamos no Skype com a família e capotamos, absolutamente
exaustos e felizes.

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