domingo, 9 de maio de 2010

Ainda em Veneza: noite do segundo dia





Ainda falando do segundo dia em Veneza, esqueci de registrar a parte da noite porque tinha ficado sem conexão. Aí vai...

Depois do dia cheio que tive (Scuola San Rocco, Santa Maria del Fiore, Leonardo da Vinci e passeio de gôndola), ainda fui na estação comprar a passagem de trem pra Florença, pra onde iria na manhã de Sábado. Tudo muito simples, rápido e... caro! Caramba, 42 euros! Achei que fosse mais em conta.


Mesmo depois da facada, não desisiti da ideia de me presentear com um bom jantar. Afinal, eu tinha só almoçado pizza e já estava me sentindo fraquinha... hehehe. Decidi, então, explorar outros restaurantes da região de San Giacomo. No meio do caminho, vi algumas vendinhas fechando. Corri pra uma delas procurando por cerejas, mas não encontrei em lugar algum. Tinha maçãs enormes, peras amarelas, uvas, damascos, morangos, e muitas verduras. Não havia nada muito diferente do que temos no Brasil, com exceção do tamanho dos morangos, que eram enormes. Morangos, então! O preço não era muito convidativo, 4 euros, mas a caixa era bem grande. Comprei uma e decidi que aquelas frutinhas halterofilistas seriam minha sobremesa.
Passei pelo Campo di San Giacomo e vi vários restaurantes repletos de gente, bastante animados. Escolhi um que me pareceu simpático, o La Bodega. Tinha algumas mesas do lado de fora, mas, graças ao friozinho, a parte interna me pareceu mais convidativa. Entrei e fiquei numa mesinha de frente pra uma outra, que já estava ocupada por um casal de uns 50 e poucos anos (acredito que britânico) e pra uma grande janela, de onde se via a praça.

A garçonete era uma moça muito sorridente de cabelo curtinho arrepiado e piercing. Trouxe-me o cardápio e lá fui eu pra parte preferida do dia! Infelizmente, esqueci-me de anotar os nomes dos pratos, que por si só já oferecem uma grande diversão. Mas o conteúdo foi inesquecível! De entrada, pedi um coquetel de camarão com rúcula e um vinho branco (não lembro o nome, mas era italiano). Estava no ponto perfeito e tinha um molhinho super suave. Depois, parti pra um Penne all´arrabiata, cujo nome me lembro por ser um dos meus pratos preferidos já no Brasil. Ma-ra-vi-lho-so! O vinho escolhido foi um Barbera. Tudo acompanhado por pão (italiano, dããã!) e uma coisinha crocante deliciosa que é tipo um crossini gordinho.

No meio do jantar, desviei brevemente minha atenção do penne pra dar uma espiada na janela e percebi o casal da frente me fitando. Eu devia estar numa expressão de tamanha felicidade com aquela orgia gastronômica que o cara levantou o copo, num brinde à distância e fez aquele beicinho como quem diz "Aí, hein, minha filha!". A mulher, mais discreta, só sorriu. Fiquei meio sem graça, mas sorri também e levantei meu copo, respondendo de volta o brinde. Falei baixinho em Português "Pó pará de me acompanhar, que num sou novela!".

Paguei a conta e fui pro albergue já atacando minha sobremesa. Constatei que os morangos eram igualmente lindos, grandes e suculentos. Peguei meu netbook da Barbie, meus morangos e fui pra sala de computador, onde havia conexão sem fio. Lá havia algumas pessoas conversando e acessando a internet. Ofereci polidamente os morangos e não é que todos aceitaram# Droga! Mas no fim achei ótimo porque a caixa era grande e eu já estava satisfeita do jantar.

Foi só eu sentar que uma loirinha num computador perto veio me perguntar de onde eu era. Quando disse que vinha do Brasil, ela comentou ter ido ao Rio e ao Amazonas. Já engrenou dizendo que não tinha gostado muito porque choveu e ela achou a arquitetura misturada demais, sem muita valorização pros prédios históricos. Mesmo tendo que concordar com ela nesse ponto, a crítica me irritou um pouco. Ninguém gosta de ouvir falar mal da própria casa, né# Mas logo depois a moça desfez a má impressão, mostrando ser super falante e simpática. Seu nome era Olga, tinha 33 anos, vinha da Rússia, mas em breve se mudaria pra República Dominicana.

Olga me chamou pra tomar um Sprint, mas eu tava morta de cansada. Agradeci o convite e disse que teria de acordar muito cedo no dia seguinte. Ela insistiu e concordei, porque uma russa que havia decidido morar na República Dominicana devia ser no mínimo uma pessoa interessante, mas avisei que teria de ficar muito pouco. Só pedi que esperasse até eu terminar de falar com o Brasil pelo Skype. Como acabei demorando, ela resolveu ir logo, se despediu e combinamos de talvez nos encontrarmos no dia seguinte, mas não a vi mais.


Voltei pro quarto por volta de 1 da manhã. Kara já estava dormindo e mais duas novas integrantes haviam substituído as mexicanas, que tinham partido pela manhã. Usei a super lanterninha que meu cunhado me emprestou e tentei fazer o mínimo de barulho possível. Tomei banho, arrumei minha mochila pro dia seguinte e dormi profundamente naquele silêncio veneziano, quebrado apenas pelo ranger de dentes da menina no beliche de cima. Nem tudo é perfecto!

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