terça-feira, 25 de maio de 2010

Barcelona: primeiro dia - saindo de Madri





Acordei às 8 horas, mas resolvi dormir mais um pouquinho. As meninas alemãs estavam dormindo e não quis fazer barulho de arrumação de mala. Quando deu umas 9 da manhã, saí, fui ao banheiro e tomei café.

Voltei pra cumprir a inglória tarefa de tentar fazer tudo caber dentro de uma mala e mochila. Ao menos, não teria de ficar me preocupando com o peso agora, mas o problema permanece pra ida de Barcelona a Paris, que será de avião. Programei-me pra sair às 11:20, pois assim teria tempo de sobra pra chegar antes na estação e me acomodar com calma no trem.

Foi um perrengue enfiar tudo dentro das bolsas! Nem quero imaginar como estão os bibelôs de murano que eu comprei no início da viagem! Só vou parar pra ver isso na França, quando pretendo comprar outra mala e passo a poder levar 80 Kg. Só então não terei mais esse problema de espaço e peso.

Obviamente, demorei muito mais do que eu imaginava fazendo a mala e decidi só tomar banho quando chegasse em Barcelona (antes que se pense que eu já tô assimilando demais costumes europeus, vale dizer que o último banho tinha sido na noite anterior!). Fiz o check-out e me despedi da Anne e da Tanja, saindo pontualmente às 11:20.

Já tinha olhado o itinerário de metrô e a minha estação final deveria ser a de Atocha Renfe. Já havia decidido pegar primeiro na Plaza de Spaña pra depois fazer baldeação na estação de Tribunal, onde pegaria a Linha 1 até Atocha Renfe. Fui tranquilinha pela rua, sentindo o sol gostoso dos últimos momentos em Madri. Comprei minha passagem no guichê de autoatendimento e passei a catraca. Verifiquei a entrada correta e resolvi checar a quantidade de volumes, quando... nãããããão!!!! Tinha deixado no albergue a pasta com TODOS os meus posteres italianos!!!

Dei aquele típico tapa na testa, mas queria mesmo era ter na mão um dos artefatos de autoflagelação que vi no Museu de Tortura de San Gemignano. Larguei um belo palavrão em Português, mas não tinha jeito, tinha de decidir se perdia o trem ou meus lindos posteres. Olhei no relógio e eram 11:30. Pensei: se eu correr, dá tempo. Só a minha tranquilidade é que vai pros carajos...

Saí que nem doida carregando aquela mala e os casacos. Subi as malditas escadas arrastando o trambolhão e fui falando "permiso, permiso, permiso" até chegar no albergue novamente. Suava em bicas, pois além do esforço, fazia um calor danado. Cheguei lá toda vermelha e a Anne sorriu falando com aquele sotaquezão alemão "ahhh, you´re back!". Sorri de volta, peguei minha pasta e parti de volta.

Olhei no relógio e eram 11:40. Pensei "deve dar tempo" e, enquanto me culpava horrores por causa do esquecimento, refleti o que essa situação representaria na minha vida há menos de um ano. Eu certamente receberia um sermão daqueles e teria de aturar algumas horas de mau-humor e tromba alheia por causa desse incidente, que sempre seria lembrado pra exemplificar o nível supostamente inconcebível da minha distração. Pois essa é a hora de exorcizar esses fantasmas! Quer saber# Que se dane!!! Se eu perder a droga do trem, compro outra passagem e pronto! Não vou morrer por causa disso, nem perder dias de vida por stress. Afinal, é muita coisa pra uma pessoa ver sozinha e, até agora, a verdade é que eu tô mandando bem pra caramba! Segui apressada, mas feliz com minha autoconfiança. Nada como uma viagem dessa pra gente quebrar antigos paradigmas.
Segui novamente o plano. Fui pra Plaza de Spaña, saltei em Tribunal pra pegar o trem até Atocha Renfe e quando chego na plataforma... Caraaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaca! Estava toda tomada de torcedores do Bayer de Munique, cantando e gritando aqueles hinos. Daí a algumas horas, seria a final da Liga dos Campeões contra o Inter de Milão. Pensei "xi... ferrou! Como vou entrar no trem lotado de alemães com essa tralha toda# Mas, sei lá como, coube todo mundo! Dentro do trem, foi engraçado porque eles ficavam cantando aqueles hinos que pareciam uma melodia feita de gente limpando a garganta. Saltaram todos bem antes de mim.

Cheguei na estação às 12:15. Foi mais do que suficiente pra entrar com tranquilidade na plataforma, encontrar o carro e achar meu assento limpinho e confortável. Guardei minha mala, minha pasta e casacos com um sorriso de boba no rosto. Rá! Deu tempo!!! Era aquela típica felicidade que vem depois de uma vitória pessoal, que embora pareça pequena e talvez boba aos olhos dos outros, significam tanto pra gente.

O trem partiu pontualmente às 12:30 (inclusive, com muita gente chegando depois de mim) e o autofalante anunciou que fones seriam distribuídos. Havia som disponível, tanto como rádio, quanto como áudio do filme disponível no monitor. Também havia uma cafeteria no carro 4. Tudo era informado primeiro em Catalão e depois em Espanhol, como tudo o que eu vi depois em Barcelona.

Dei um tempinho pra relaxar, depois fui ao banheiro e à cafeteria. Pedi um sanduíche com Coca Zero, que estava muito fraquinho, pra variar. Aí, vi um cara tomando vinho e comendo batatas. Pensei "é aí que eu vou"! Comprei uma meia garrafa de Rioja, um saquinho de batatas, água e um chocolate Kit Ket. Voltei radiante com as delícias pro meu assento. Saquei meu netbook da Barbie, meu vinhozinho e batatas. Lá fui eu escrevendo este texto num trem bala ultramoderno, bebericando um Rioja e comendo batatinhas. (Laurita, viu como não precisa se preocupar quanto a eu perder parte da viagem atualizando o blog#)

As paisagens são super lindas, com morros baixinhos e num visual que por vezes lembra as estradas de Minas (saibro e arbustos baixinhos). Também há muitas plantações e o que parecem ser fazendas. A velocidade aparece o tempo todo e fica em torno de 280 Km por hora.

Muito legal viajar nesse tipo de trem! Eu amei!

4 comentários:

  1. Dica rapida: o que for livro, papel etc, manda pelo correio pro Brasil (registrado é claro). Pelo menos você libera o peso... ;)

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  2. amei tudo, seu relato do esquecimento da pasta chega a dar um frio na barriga, e comemorar junto com vc a vitória...rsrsrs
    bjssssssssssssssssssssssssss

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  3. Fred, já fechei a mala! O problema é que o limite de peso é mto baixo pra viagens internas e o peso maior já tá por conta das "lembrancinhas". Afinal, já são vinte dias viajando e vendo uma porção de coisas lindas. Não sou de ferro, né# Vamos ver o que dá de peso amanhã de manhã... ai...

    Rose, você deve ter sentido dor no braço também com o relato do meu tombo em Nápoles, né# Rsrsrs. Que barato esse seu comentário! Já deixei a mala pronta e a pasta com os posteres bem na frente, pra não ter erro. Além disso, vou fazer a tradicional contagem de volumes!

    Beijos.

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  4. Paulinha: Curti todos os dias da viagem...curti junto com você cada momentinho. Torcia para que você não perdesse o trem, pra que a sua mochila aguentasse o tranco até a hora de troca-la...para que ao chegar no Alberg tivesse companheiras agradáveis...
    Senti o gosto do vinho Italiano, Frances...
    Enfim...adorei viajar com você...
    Um bj
    Juçara ( Sarinha)

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