quinta-feira, 13 de maio de 2010

Florença: quarto dia

Graças à orientação da Nandi, reservei com antecedência minha visita à Galeria Ufizzi e meu horário estava marcado pras 12.15. Saí meio esbaforida porque usei um pouquinho da manhã pra checar e-mails. Acabei saindo sem tomar café e fui em direção ao Ufizzi. Como das outras vezes, meu casal de anjos da guarda foi me conduzindo, tive de parar pra olhar de vez em quando no mapa. Detesto fazer isso porque fico achando que meu "narizinho de princesa" me camufla entre as italianas. Como se o mochilão e a cara de abestalhada não me delatasse de primeira... De qualquer forma, a impressão que se tem quando se olha com mais cuidado é que há florentinos entre os turistas e não turistas entre os florentinos. Todos com mapinha na mão. Consegui chegar sem me perder uma única vez (uhúúúú!) e, depois de perguntar um pouquinho, descobri a fila pra quem tinha reserva marcada.

Acabei chegando com bastante antecedência, o que me permitiu ler um poquinho do Gombrich e rever informações sobre o Boticelli. A capa desse livro tem, nada menos, do que o Nascimento da Vênus, cujo original estava no próprio Ufizzi! Além de outros quadros maravilhosos do Boticelli, a visitação incluía a Sagrada Família do Michelangelo, Caravaggios, Ticianos, da Vincis e Rembrandts.

Eis que, na fila para a entrada, ouço uma voz conhecida me chamando por um nome por que só os colegas da Oi me chamam, "Ana Maaaaaaauro! Ana Maaaaaaauro!". Olho pro lado e vejo a Sandra, que até uma semana antes de eu entrar de férias, era minha gerente em Capacitação de Canais. Sabíamos que poderíamos nos encontrar, mas foi muito bacana que isso acontecesse justamente na visita ao Ufizzi. Tive, então, a companhia dela e da Ciça, sua amiga e companheira de viagem.

O museu é absolutamente maravilhoso! Estava muito cheio, mas a organização é boa e fora algumas excursões que dominam a área em frente a algumas obras, deu pra ver tudo com tranquilidade. Dava até pra filar algumas explicações de guias que falavam em português da terrinha (ora, pois!), espanhol e inglês.

Fiquei super emocionada quando vi a sala do Boticelli. Dentre muitas obras lindas, tinha Madonna col Bambino, Primavera e... O Nascimento de Vênus!!! Linda, linda, linda, linda! Enorme, imponente e delicada ao mesmo tempo.

Vi muitas outras coisas maravilhosas, mas o que mais me marcou foi mesmo o Boticelli. Fiquei de olho também em uma galeria que teria só Caravaggio, mas estava toda coberta por conta de uma exposição que haveria a partir da semana seguinte. Fiquei muito triste porque era só a Medusa exposta. Não que ela não seja o máximo, com sua cabeça decapitada pintada diretamente no que seria o escudo de Perseu, remetendo ao momento seguinte ao truque do herói que a enganou e derrotou. Mas senti muita falta das outras obras, porque esse é um autor que me lembra muito as aulas do Alberto Cipiniuk, na PUC. Lembro-me de que ele falava do clip super premiado da música Loosing My Religion do R.E.M., que dizia ser caravaggiesco! Comentei o fato com a Nandi e o Nelson, que tinha o clip no seu acervo digital (!!!). Vimos lá na hora e eles concordaram com meu professor, dizendo que o tratamento estético, principalmente a luz, de fato fazia alusão ao Caravaggio. Enfim, como se não bastasse eu ter me apaixonado pela cidade, tenho agora mais um motivo pra voltar a Florença!! Ver mais Caravaggios!!!

No meio da visita, eu, Sandra e Ciça paramos pra comer no restaurante do museu. Foi uma comidinha meio sem graça com um Chianti gostoso. Tomamos um susto foi na hora de ver a conta! Mais de 50 euros! Só o vinho foi 28!!!

Na saída do Ufizzi, paramos na lojinha. Fiquei tentadíssima a comprar um livro sobre o museu, mas segurei minha onda por conta do peso. Só abri exceção pra uma reprodução do Bacco de Caravaggio. Afinal, depois de um belo banho de cultura, nada como uma comprinha pra alimentar as necessidades mundanas do consumismo.

Deixamos o Ufizzi por volta de 4 da tarde, num total de mais 3 "horas abundantes" (termo que se usa na Itália e que eu adorei!!!) de visitação. Tomamos um capuccino com torta (de creme com amêndoas, deliciosa) ali por perto e, por volta das 5 horas, nos despedimos com a promessa de trocarmos figurinhas de foto na volta ao Brasil.

Liguei pra Nandi e Nelson, combinei um horário de encontro pra mais tarde e segui em direção à Basílica de Santa Croce. Mais uma vez, peguei-a fechada! A visitação só podia acontecer até 5.30. Cheguei à conclusão de que meu dia seguinte seria cheio, pois haviam ficado faltando Batistero, Santa Maria del Fiore, Galleria dell´Academia e Palazzo Vechio. Isso, sem contar no pulo que ainda queria dar no mercado de San Lorenzo.

Uma vez que tinha tanto a fazer na quinta, decidi naquele mesmo dia lavar minha roupa, pois já estava bem acumulada. Chegando no albergue, peguei as fichas e sabão na recepção, minha roupa suja elegantemente guardada nos sacos do Mundial que trouxe do Brasil e fui pra lavanderia. Antes de sair, tive a brilhante ideia de levar o netbook, pois lembrei que o sinal wifi estava em todo o albergue.

Foi bem simples lavar e secar a roupa, mas demorou muito mais do que eu imaginava. Se por um lado, me deu oportunidade pra atualizar o blog com mais um post de San Gimignano, acabei chegando só depois de 10 horas na casa da Nandi e do Nelson. Dessa vez, levei um tinto de Piemonte, ainda remanescente da feirinha de Domingo em Santa Croce e mais um Chianti comprado numa lojinha no caminho do albergue.

O jantar conseguiu ser ainda melhor do que os dois primeiros. Teve melão com prosciutto cru de entrada e talharim com ragú, que, segundo os anfitriões fiorentinos, corresponde ao nosso molho a bolonhesa. Explicaram-me que, na Itália, o molho alla bolognesa é cozido de forma completamente diferente e horas a fio.

Depois de mais algumas aulas de Arte, roteiros para o dia seguinte e dicas sobre Roma, nós três, já meio bebuns, fizemos mais uma conferência pro Brasil via Skype. Depois de quase uma hora conversando com a pobre alma que ainda estava sem jantar, Nelson pediu meu táxi e segui pro albergue. Mais uma vez, todas as amiguinhas estavam dormindo e a salvação da pátria foi a super mini lanterninha emprestada pelo meu cunhado!

Buona notte!

3 comentários:

  1. Ana,
    Eu também amo o Nascimento de Vênus...senti a mesma emoção que você descreveu...simplesmente maravilhoso!!!
    Beijos!!!!!!!!
    Isabela

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  2. Lindo, lindo, lindo!!! Amei aquele museu que, como vc mesma havia observado, não podia deixar de conhecer!
    Beijos.

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  3. Gostei da reunião de trabalho!!!
    Bjs, Luiz André.

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