Acordei cedo, mas ainda um pouco atrasada pra chegar no aeroporto com tranquilidade. Cheguei a andar na direção do ponto que o Gaetano me indicou pra pegar o Alibus, mas desisti por medo de não dar tempo. Acabei fazendo sinal pra um táxi que vinha. Paguei a tabela fechada, que da Piazza Garibaldi ao Capodichino deu 16 euros e uns quebrados.
Cheguei com bastante antecedência, mas valeu a pena. Comi um croissant com recheio de avelã e chocolate mais um cappuccino de café da manhã. Como se pode perceber, estou firme no projeto de voltar rolando pro Brasil!
Não havia lugar marcado e sentei ao lado de uma moça com uma filhinha. Ao longo do voo, ela, que se chama Marta, se revelou a pessoa mais simpática que conheci até agora. Ainda mais do que o vigilante Ciro. Falava um Inglês perfeito e disse estar voltando de 15 dias com a mãe em Sorrento. A filhinha só ficava falando "papa, papa, papa" e ela me explicou que era saudade do pai. Uma hora, a pequena, que se chamava Claudia, virou pra mãe e falou do nada "te voglio bene, mamma". Uma fofa!
Vim conversando com a Marta e brincando com a Claudia, o que tornou o voo muito rápido. Cheguei numa Veneza chuvosa, mas não muito fria. Por precaução, vesti o casacão vermelho, mas acabei chegando no ônibus suando. Até fiquei com medo de ser meu o futum que estava sentindo, mas farejei de longe as possíveis fontes e vi que o cecê vinha mesmo das redondezas. E, sangue de Jesus, que poder ele tinha!
Seguindo indicações da Marta, peguei o ônibus até Piazza del Roma. Aí, dei uma quebradinha na cabeça, mas nada demais. É que demorei um pouco até entender a dinâmica do negócio e conseguir a informação de que o meu destino era perto e que eu podia ir a pé. O único porém é que teria de atravessar duas pontes, com escadas enormes, carregando a mala. Lembrei da Rosito falando "Ana, faça uma mala pequena. Você vai lembrar das minhas palavras quando estiver chegando e saindo de alguma cidade". Rosito sabe das coisas! Passei pelas pontes xingando em Português, mas foi tudo bem. Chegando ao outro lado, na primeira loja que perguntei sobre o albergue, já recebi a feliz informação de que era 5 casas na frente.
Toquei a campainha e um baixinho narigudo e simpático abriu a porta. Carregou minha mala até o andar superior, como quem nem liga pro peso. Encheu-me de perguntas e, assim que falei que era do Brasil, fez festa. Havia algumas bandeiras na recepção. Deve ter mais, mas as que reparei foram Estados Unidos, Canadá, Paris e... Brasil!
O rapaz, que se chama Franco, parece ligado no 220W. Terminada a ficha, paguei a estadia e ele me passou um mapa da cidade, destacando os principais lugares e caminhos. Disse que eu só poderia entrar no quarto às 15 horas, pois estava sendo limpo, mas que podia deixar lá a mala e ir desbravando a cidade.
Passei as coisas mais pesadas da mochila pra mala e lá fui eu. Meu Deus, que cidade lindaaaaaaaaaaaaaaaaaa! Vi pouco mais de 3 pontes e 10 ruazinhas e já estou boba. Como já estava rolando uma fominha, fui perguntando pelos restaurantes se aceitavam meu Visa Traveller. Passei por 3 que negaram, até que cheguei neste que aqui estou, enquanto escrevo. Chama-se La Zucca e é uma graça!
Tinha acabado de abrir pro almoço e o garçon me levou pro salão de dentro, trazendo-me o menu. Pedi a ele que apontasse no meu mapa a nossa localização. Concluí que eu estava em um lugar absolutamente diferente daquele que acreditava estar. Li o menu decidida a não fazer muitas perguntas e a arriscar-me pelos nomes bonitos (vantagens de ser boa de garfo. Foi assim que cheguei à seguinte combinação...
Sfornatino di melanzane con ricotta alle erbe - de comer de joelhos
Vitello tonnato con patate al limone - gostoso, mas um pouco enjoativo
Budino di ricotta alla vaniglia con mirtilli - muito gostoso
Chianti classico mezza bottiglia - ia pedir um Barbera, mas só o Chianti tinha meia garrafa. Como eu não queria ficar nocauteada logo nas primeiras horas de Veneza...
Almoçando sozinho ao meu lado direito, havia um velhinho de uns 80 anos. Pensei em puxar papo, mas ele estava com cara de quem, como diz minha amiga Rosito, "está se curtindo". Logo depois, sentou um casal de franceses ao meu lado esquerdo.
Dei uma cansada do silêncio e resolvi pegar o netbook. Não tinha wifi disponível, mas abri o editor de texto pra ficar escrevendo. Fiquei me sentindo a própria Carrie Bradshaw do Sex and the Ciy.
Como devem ter percebido, estou tentando tirar fotos de cada um dos pratos que peço, o que causa uns certos olhares de estranheza. Não foi diferente com os franceses, quando fotografei a sobremesa (já o velhinho, nem piscou). Diante da cara de coquinho deles, tentei quebrar o gelo e brincar dizendo que aquela era parte da diversão: Tirar fotos dos pratos e depois mostrar ao Brasil. Pronto! Falei a palavra mágica. A mulher foi super simpática e comentou que o marido já tinha ido ao Brasil e que ela tinha muita curiosidade. O marido, nada simpático, mas falando pelo menos, contou que ficou num albergue em Ipanema. Depois de algumas amenidades sobre o Rio, ele perguntou em Português porque eu não falava italiano com os garçons, em vez de Inglês. Aquilo me irritou um pouco e me deu vontade de responder perguntando se era problema de próstata que o fazia ir ao banheiro daquele jeito, de 10 em 10 minutos. Mas logicamente não fiz isso. Em vez da grosseria desproporcional, respondi que o Italiano parece mais parecido com Português do que é e que todas as minhas tentativas até então haviam sido desastrosas. Ele deu o mais perto que conseguia de um sorriso e a mulher continuou sinceramente simpática. O papo morreu e voltei pro netbook.
De qualquer forma, ouvi-os falar em italiano com o garçom. Deu pra entender o cara dizendo que aquele restaurante foi indicado como o melhor de Veneza por alguns amigos. Pensei na sorte de principiante que tive!
No post a seguir, dá pra conferir as primeiras fotos de Veneza!
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Paulinha, adorei o albergue e estou muito feliz com a sorte que vc está tendo na escolha dos restaurates. Mil beijos da sua irmã, Tina.
ResponderExcluirTina, estou amando tudo, apesar de já estar com saudades de todos! Lembro muito de você aqui em Veneza pq estou perdida com ou sem mapa em 90% do tempo. Quisera eu ter a sua bússola natural!
ResponderExcluirTenho feito sempre aquela coisa dos três pedidos em cada igreja que vou. Como aqui só tem igreja, vc imagina quantos pedidos eu fiz. Na verdade, são sempre os mesmos, como deve imaginar!
Diga ao Gustavo que a lanterna dele tem sido super útil!
Mande um beijão pra ele e pra Mariana.
Beijos!